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Amália - Os anos de estúdio

Hugo Ribeiro acompanhou quase toda a carreira de Amália. Gravou vários dos álbuns e singles da fadista e hoje recorda-se da grande diva do fado como "uma mulher muito alegre".

Amália sempre ficou conhecida como uma mulher da noite e Hugo Ribeiro lembra que era apenas nessa altura do dia que Amália gravava: "Às 20.00/21.00 é que ela começava a aquecer a voz. De dia era muito raro ela gravar e quando o fazia raramente se aproveitava", disse.

 

Como técnico de som de grande parte da obra de Amália gravou vários temas que nunca foram editados: "Ela quando não gostava dizia para apagar, mas, se eu achasse que era bom, não apagava." Alguns desses inéditos foram reunidos em 1997 no disco Segredo, que contém gravações dos anos 60 e 70 que Hugo Ribeiro guardou, sem ninguém saber. Um dia mostrou a Rui Valentim de Carvalho e depois a Amália: "Foi nesse dia que a vi chorar mesmo", lembrou.

 

Contou ainda que tem "um disco inteiro de inéditos, só com canções de filmes antigos que a Amália gravou". O disco nunca foi lançado porque "havia dúvidas quanto ao coro em dois temas". Hugo Ribeiro referiu que este disco "era para ser uma coisa mais popular, mas não soava a popular".

 

Em estúdio, Amália "não tinha aquela postura séria, já com tudo ensaiado". O dia-a-dia de gravações "começava pelas 17.00 com ensaios. Às 20.00 jantávamos a comida trazida por ela". E do que é que gostava Amália? "Das comidas de quando ela era pobre, como o arroz de bacalhau ou os carapaus de escabeche, mas também trazia queijos da serra." O champanhe também era uma presença regular em estúdio: "Se as gravações corressem bem ela distribuía champanhe por mim, pelos guitarristas e pelo Rui Valentim de Carvalho."

 

Durante os largos anos em que gravou Amália, foram alguns os contratempos que viveu em estúdio. Hugo Ribeiro lembrou os tempos em que gravavam no Clube Estefânia: "Tivemos de sair de lá por causa dos pavões. Um dia acabámos de gravar o Coimbra na perfeição e no final começa um pavão a gritar, tivemos de gravar tudo outra vez." Amália não gostava de "aproveitar partes de gravações", dizia que "a interpretação não era a mesma".

 

Hugo Ribeiro considera que foi entre 1965 e 1975 que Amália viveu o seu auge: "Foi o melhor período da vida dela. Quando era nova tinha uma voz muito bonita, mas de menina, depois não alterou os agudos, mas ficou com mais graves."

Foi nessa altura, em 1969, que gravou o seu disco mais emblemático, Com Que Voz, "em apenas duas noites, sem repetições".




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Comentários
#1 Antonio Darcio Valerio 2014-05-04 16:35 Amalia Rodrigues a verdadeira Rainha do Fado nunca mais o universo tera uma voz e uma interpretação igual Citação
#2 fadovadio 2019-03-17 16:54 Olhe que lá para os lados de Lisboa, há quem assim não pense e que lhe vai tirar o lugar. Citação
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