Fernando Farinha
Fadistas - Actualizado em Outubro 19, 2018
Talvez poucas pessoas saibam que esta figura tão
típica da cidade de Lisboa e da sua memória nasceu, afinal, no
Barreiro, em 1928.
O seu pai, barbeiro, decide tentar a sorte na capital e, com 8 anos, o pequeno Fernando vem viver para o bairro do Bica.
Com 23 anos vai pela primeira vez ao Brasil. Aí estará durante quatro meses, actuando nas rádios Tupi e Record, de São Paulo. Ao longo de toda a década de cinquenta internacionalizará, progressivamente, a sua carreira junto das prósperas comunidades portuguesas, sobretudo do Brasil.
Em 1957 é nomeado "A Voz mais portuguesa de Portugal", pela Rádio Peninsular.
A década de sessenta é o culminar da sua popularidade. Segundo classificado em 1961, triunfa em 1962 como Rei da Rádio. No ano seguinte vence o primeiro galardão "Disco de Ouro", à frente de Calvário e de Tudela. Em 1963 ganha o Oscar da Casa da Imprensa para melhor fadista. Participou nos filmes O Miúdo da Bica e Última Pega.
Foi um artista muito querido pelos emigrantes Portuguêses
espalhados pelo mundo e realizou diversas digressões pelo estrangeiro e
foi numa delas ao Canadá em 1984 que o conheci pessoalmente e mantive
como amigo até à sua morte em 1988.
Disposto para ajudar, foi um grande poeta e tocava viola aonde musicou diversos dos seus poemas.
Foi
casado cerca de quarenta anos e sem filhos; morou mais de trinta anos
na mesma casa na Rua Maria Pia que eu frequentei várias vezes.
Foi um dos primeiros fadistas a gravar e actuar com a presença do instrumento viola-baixo tocado pelo Joel Pina no celebrado Conjunto de Guitarras de Raúl Nery.
Foi respeitado por
outros artistas afastados do fado e seus grandes amigos foram Tristão
da Silva, Manuel de Almeida, Raúl Nery e António Calvário.