Edgar Nogueira
Músicos - Actualizado em Novembro 02, 2010
Edgar Nogueira é oriundo da Serra do Marão, Douro Litoral, freguesia de
Ansiães, concelho de Amarante, e aí recebeu a divina convocação para a
música.
A forte inspiração veio de seu Pai, “adorador de serenatas”, que lhe incutiu a sensibilidade musical com as primeiras lições num violino quase esquecido lá em casa, mas foi o seu Avô materno que sugeriu a eleição pela Guitarra Portuguesa, o instrumento em relação ao qual viria a dedicar-se, numa longa primeira fase do seu estudo, como autodidacta.
Mais tarde, recebeu ensinamentos musicais na linha da Escola de Gregoriano, através do Professor João Possante, com o qual adquiriu as ferramentas que o muniram para se entregar com uma Fé actuante à Guitarra Portuguesa, àquilo que adequadamente se pode chamar “Cruzada”, plena de sinceridade e abnegação.
A força que subjaz na paisagem serrana parece imbuída na robustez visível do corpo e carácter de Edgar Nogueira, de forte motivação para conquistas temporais e espirituais, a mesma que o terá levado aos 20 anos para Lisboa onde fundamentalmente tem vindo a cumprir o seu desígnio.
A mesma terra portuguesa onde nasceu, Amarante, impôs-lhe as insígnias que enformam o “Espírito de Cruzada” com que fez da Guitarra Portuguesa o seu voto, a sua “Crux”, advindo daí a “santa” motivação com a qual tem pretendido reconquistar o lugar original deste instrumento, e assim contribuir para o progresso e afinação dos conhecimentos, com todos os detalhes históricos e técnicos com ele relacionados, notando-se desde sempre a sua preocupação e vocação inalterável para os transmitir.
O Professor Edgar Nogueira apresenta uma carreira com sensivelmente três décadas, nada tolhe as suas intenções artísticas, o próprio considera que está a viver uma fase de grande maturidade fortemente impulsionada por projectos recentemente concretizados, como é o caso do álbum editado em 2006, “Painéis de Lisboa”, desenho musical de apreciado valor lírico e ao qual se juntaram outros instrumentos como a viola e o violoncelo, que está a ser apresentado e divulgado através de entrevistas nos vários meios de comunicação social, além dos espectáculos em programação agora em 2007. A propósito do lançamento desta obra, o Maestro Vitorino de Almeida classificou-a como “música de concerto”, o que confirma as aspirações na base.
Nunca olvidando a causa primeira que se prende com o aprimorar técnico e artístico da Guitarra Portuguesa, este autor e estudioso persegue a ideia de repor a justiça e dignidade face a este instrumento originário de um outro, o Cistre germânico (alaúde), introduzido em Portugal no século XVII, por sua vez inspirado na ancestral harpa persa de Ur, ideia essa que consiste em o levar até espaços distintos e consentâneos com as suas nobres origens, como sejam, salões, palcos principais, além de passar a ser leccionado no Conservatório, facto entretanto ocorrido, embora tal não se tenha concretizado, por ora, de acordo com o modelo que este músico preconiza. Quando chegou a Lisboa, não havia uma escola oficial na qual pudesse aprofundar estudos na Guitarra Portuguesa, por isso reconhece muitos dos ensinamentos recebidos de Fernando Freitas e do Professor Martinho da Assunção, que lhe abriram as portas deste mundo fascinante. No resultado da devoção, o Professor Edgar Nogueira orgulha-se, em particular, de ter adaptado a teoria musical de Artur Fão à Guitarra.
O “Espírito de Cruzada” deste compositor não foi determinado por qualquer condição apriorística aristocrática, mas foi gizado pelo talento de contornos virtuosos, assente numa sensibilidade quase, ou mesmo, religiosa, que perpassa o seu persistente labor algo missionário. Transparece um idealismo puro que o coloca numa primeira análise ao serviço do instrumento e, num âmbito mais largo, da Música e outros músicos.
Apesar de em Portugal as vertentes musicais desta Guitarra radicarem principalmente na música tocada para Fado, aquilo a que o próprio chama a sua “via popular”, não se circunscreve a essa condição, e tem dedicado grande parte dos estudos não só a adaptar obras de grandes clássicos, como Rimsky Korsakov, Mozart, Brahms, Beethoven ou Verdi, por exemplo. Esse feito veio a demonstrar a capacidade e amplitude da Guitarra Portuguesa e valeu-lhe o cognome de “Paganini português”, trabalho patente no LP “Dançar os Clássicos”, mas para tal também contribuíram composições do autor, algumas de grande complexidade.
Tem a preocupação categórica de fazer chegar o legado mais além, em particular às gerações jovens, de se rodear permanentemente por quem poderá através dele e deste instrumento continuar o que apelidou de “revolução espiritual”, ou seja, no sentido de abrir e descobrir a “essência” que confere riqueza à voz bela e ímpar da Guitarra. Pode-se dizer que tanto para quem toca como para quem escuta, tal se converte numa experiência mística e, porque não dizer, eventualmente polémica para algumas opiniões críticas quando realiza algumas composições de cariz mais visionário, facto que não o incomoda de todo, talvez por considerar inevitável em criações que possam romper com os cânones e desse modo desbravar caminho a sucessores.
Por se acreditar na razão acima invocada, importa dizer que o Professor Edgar Nogueira não só incita e ensina jovens talentos para o ensino desta arte, como também, através da apresentação em concerto da sua obra se faz acompanhar por instrumentistas, naturalmente incluindo cantores, em quem continuamente aposta. O valor da transmissão de conhecimentos é uma forte motivação que confere sentido de existência às coisas, no caso ao instrumento, e igualmente a esta arte, enquanto executantes ou ouvintes.
Está ganha a principal batalha que se refere ao reconhecimento do potencial da Guitarra Portuguesa, com as suas doze cordas e a sensualidade do enfranque (a curva da caixa), que não a deixou acantonada apenas na condição de acompanhante no Fado, da música rural ou urbana, mas que, justificada plenamente pela sua sonoridade, tomou nos dias de hoje o devido lugar de solista num concerto prestigiado, quando devidamente aplicada em composições de características mais eruditas.
O Professor Edgar Nogueira está inequivocamente ligado ao Fado não só enquanto compositor e intérprete, mas também enquanto músico residente em Casas de Fado, sendo o famoso Café LUSO o local de culto onde o podemos encontrar.
Na ligação e coerência de todos os aspectos que alinham a vida deste artista, encontramos o seu nome a integrar um dos maiores eventos conhecido como “Grandes Noites do Fado” do qual saem anualmente jovens talentos.
Ao longo do seu percurso tem recebido alguns prémios, como é o caso da “Estátua da Verdade”, pela revista “Eles e Elas”, o prémio Neves de Sousa e o de Carreira, pela Casa da Imprensa.
Através do cunho percursor do seu trabalho o Professor Edgar Nogueira tem vindo a contribuir com as suas experiências para marcar o progresso da Guitarra Portuguesa que assim se vai nobilitando no plano da linguagem musical erudita, através da interpretação de obras clássicas e composições originais, abrindo ao futuro o coração de madeira da Guitarra Portuguesa que o leva a descobrir novas linguagens musicais.
O homem que um dia sonhou com Mozart e dele recebeu aval para provar o seu dom, fez da Guitarra Portuguesa a sua razão de viver, sobretudo a solo, na senda de uma fraternidade universal não dominada pelo Verbo, mas pela formosura celestial da música, um entendimento sentido e sem palavras, que consiga aproximar mais as pessoas dos princípios da União. Como o próprio um dia afirmou, “Se a música é a linguagem divina, logo eu sou alimento espiritual”.
Eis o trunfo e as razões do seu triunfo. Música é alegria, até quando consola a tristeza.
Mais tarde, recebeu ensinamentos musicais na linha da Escola de Gregoriano, através do Professor João Possante, com o qual adquiriu as ferramentas que o muniram para se entregar com uma Fé actuante à Guitarra Portuguesa, àquilo que adequadamente se pode chamar “Cruzada”, plena de sinceridade e abnegação.
A força que subjaz na paisagem serrana parece imbuída na robustez visível do corpo e carácter de Edgar Nogueira, de forte motivação para conquistas temporais e espirituais, a mesma que o terá levado aos 20 anos para Lisboa onde fundamentalmente tem vindo a cumprir o seu desígnio.
A mesma terra portuguesa onde nasceu, Amarante, impôs-lhe as insígnias que enformam o “Espírito de Cruzada” com que fez da Guitarra Portuguesa o seu voto, a sua “Crux”, advindo daí a “santa” motivação com a qual tem pretendido reconquistar o lugar original deste instrumento, e assim contribuir para o progresso e afinação dos conhecimentos, com todos os detalhes históricos e técnicos com ele relacionados, notando-se desde sempre a sua preocupação e vocação inalterável para os transmitir.
O Professor Edgar Nogueira apresenta uma carreira com sensivelmente três décadas, nada tolhe as suas intenções artísticas, o próprio considera que está a viver uma fase de grande maturidade fortemente impulsionada por projectos recentemente concretizados, como é o caso do álbum editado em 2006, “Painéis de Lisboa”, desenho musical de apreciado valor lírico e ao qual se juntaram outros instrumentos como a viola e o violoncelo, que está a ser apresentado e divulgado através de entrevistas nos vários meios de comunicação social, além dos espectáculos em programação agora em 2007. A propósito do lançamento desta obra, o Maestro Vitorino de Almeida classificou-a como “música de concerto”, o que confirma as aspirações na base.
Nunca olvidando a causa primeira que se prende com o aprimorar técnico e artístico da Guitarra Portuguesa, este autor e estudioso persegue a ideia de repor a justiça e dignidade face a este instrumento originário de um outro, o Cistre germânico (alaúde), introduzido em Portugal no século XVII, por sua vez inspirado na ancestral harpa persa de Ur, ideia essa que consiste em o levar até espaços distintos e consentâneos com as suas nobres origens, como sejam, salões, palcos principais, além de passar a ser leccionado no Conservatório, facto entretanto ocorrido, embora tal não se tenha concretizado, por ora, de acordo com o modelo que este músico preconiza. Quando chegou a Lisboa, não havia uma escola oficial na qual pudesse aprofundar estudos na Guitarra Portuguesa, por isso reconhece muitos dos ensinamentos recebidos de Fernando Freitas e do Professor Martinho da Assunção, que lhe abriram as portas deste mundo fascinante. No resultado da devoção, o Professor Edgar Nogueira orgulha-se, em particular, de ter adaptado a teoria musical de Artur Fão à Guitarra.
O “Espírito de Cruzada” deste compositor não foi determinado por qualquer condição apriorística aristocrática, mas foi gizado pelo talento de contornos virtuosos, assente numa sensibilidade quase, ou mesmo, religiosa, que perpassa o seu persistente labor algo missionário. Transparece um idealismo puro que o coloca numa primeira análise ao serviço do instrumento e, num âmbito mais largo, da Música e outros músicos.
Apesar de em Portugal as vertentes musicais desta Guitarra radicarem principalmente na música tocada para Fado, aquilo a que o próprio chama a sua “via popular”, não se circunscreve a essa condição, e tem dedicado grande parte dos estudos não só a adaptar obras de grandes clássicos, como Rimsky Korsakov, Mozart, Brahms, Beethoven ou Verdi, por exemplo. Esse feito veio a demonstrar a capacidade e amplitude da Guitarra Portuguesa e valeu-lhe o cognome de “Paganini português”, trabalho patente no LP “Dançar os Clássicos”, mas para tal também contribuíram composições do autor, algumas de grande complexidade.
Tem a preocupação categórica de fazer chegar o legado mais além, em particular às gerações jovens, de se rodear permanentemente por quem poderá através dele e deste instrumento continuar o que apelidou de “revolução espiritual”, ou seja, no sentido de abrir e descobrir a “essência” que confere riqueza à voz bela e ímpar da Guitarra. Pode-se dizer que tanto para quem toca como para quem escuta, tal se converte numa experiência mística e, porque não dizer, eventualmente polémica para algumas opiniões críticas quando realiza algumas composições de cariz mais visionário, facto que não o incomoda de todo, talvez por considerar inevitável em criações que possam romper com os cânones e desse modo desbravar caminho a sucessores.
Por se acreditar na razão acima invocada, importa dizer que o Professor Edgar Nogueira não só incita e ensina jovens talentos para o ensino desta arte, como também, através da apresentação em concerto da sua obra se faz acompanhar por instrumentistas, naturalmente incluindo cantores, em quem continuamente aposta. O valor da transmissão de conhecimentos é uma forte motivação que confere sentido de existência às coisas, no caso ao instrumento, e igualmente a esta arte, enquanto executantes ou ouvintes.
Está ganha a principal batalha que se refere ao reconhecimento do potencial da Guitarra Portuguesa, com as suas doze cordas e a sensualidade do enfranque (a curva da caixa), que não a deixou acantonada apenas na condição de acompanhante no Fado, da música rural ou urbana, mas que, justificada plenamente pela sua sonoridade, tomou nos dias de hoje o devido lugar de solista num concerto prestigiado, quando devidamente aplicada em composições de características mais eruditas.
O Professor Edgar Nogueira está inequivocamente ligado ao Fado não só enquanto compositor e intérprete, mas também enquanto músico residente em Casas de Fado, sendo o famoso Café LUSO o local de culto onde o podemos encontrar.
Na ligação e coerência de todos os aspectos que alinham a vida deste artista, encontramos o seu nome a integrar um dos maiores eventos conhecido como “Grandes Noites do Fado” do qual saem anualmente jovens talentos.
Ao longo do seu percurso tem recebido alguns prémios, como é o caso da “Estátua da Verdade”, pela revista “Eles e Elas”, o prémio Neves de Sousa e o de Carreira, pela Casa da Imprensa.
Através do cunho percursor do seu trabalho o Professor Edgar Nogueira tem vindo a contribuir com as suas experiências para marcar o progresso da Guitarra Portuguesa que assim se vai nobilitando no plano da linguagem musical erudita, através da interpretação de obras clássicas e composições originais, abrindo ao futuro o coração de madeira da Guitarra Portuguesa que o leva a descobrir novas linguagens musicais.
O homem que um dia sonhou com Mozart e dele recebeu aval para provar o seu dom, fez da Guitarra Portuguesa a sua razão de viver, sobretudo a solo, na senda de uma fraternidade universal não dominada pelo Verbo, mas pela formosura celestial da música, um entendimento sentido e sem palavras, que consiga aproximar mais as pessoas dos princípios da União. Como o próprio um dia afirmou, “Se a música é a linguagem divina, logo eu sou alimento espiritual”.
Eis o trunfo e as razões do seu triunfo. Música é alegria, até quando consola a tristeza.
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