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Ana Moura no Coliseu do Porto

Concertos - Abril 16, 2011
Falar de Fado, é falar de uma voz límpida e intensa, é falar do que mais de genuíno se faz em Portugal ao som das tradicionais guitarras, sem grande pompa e circunstância, apenas com o sentimento e a paixão presentes.

Ana Moura é um bom exemplo do que o nosso país tem para oferecer a todos, numa altura em que corremos as bocas do mundo derivado à nossa situação actual.

Natural de Coruche, Ana Moura conta com uma carreira invejável, reconhecida quer em Portugal quer no estrangeiro deixando um rasto de salas esgotadas. Vive um ano que certamente nunca esquecerá, interpretou o Hino Nacional antes do concerto dos Black Eyes Peas, colaborou com Prince num conhecido Festival de Verão e ainda arrecadou um Globo de Ouro.

Face a este enorme valor, Ana Moura presenteou esta sexta-feira o público nortenho com um grande espectáculo, com muitas surpresas à mistura, e com a estreia no nosso país da orquestra alemã, Frankfurt Radio Bigband.

Um palco simples, apenas com o essencial, está visível quando Ana Moura sobe ao palco para começar a interpretar os seus temas. A Fadista agradece verdadeiramente a presença de todos, diz mesmo que alguns poderão estar ali com alguma dificuldade, e que fará os possíveis para que gostem do evento.

Por entre temas do seu mais recente trabalho, Leva-me aos Fados, houve momentos de mais alegria, de mais seriedade mas sempre todos com os olhos postos no palco. Ouviam-se algumas letras vindas da plateia enquanto outros apenas assistiam emocionados ao que estava a acontecer.


Quando já todos se interrogavam pelas surpresas da noite, Ana Moura tirou todas as dúvidas e agradece mais uma vez estar a tocar na cidade do Porto, cidade que viu crescer grandes artistas da música nacional, e apresenta logo de seguida o cantor Pedro Abrunhosa. Juntos cantam o tema Eu Não Sei Quem Te Perdeu numa balada contagiante que simplesmente paralisou o grande público. Houve ainda tempo para Pedro Abrunhosa cantar a solo Momento que recebe um caloroso aplauso e o agradecimento especial de Ana Moura.


Voltando ao fado propriamente dito, o tema Os Búzios contou com a participação da plateia que arriscava algumas palavras na tentativa de acompanhar a Fadista.

Por esta altura já todos se questionavam, onde estava a orquestra que havia sido anunciada, e a resposta não podia estar mais perto. No palco acendem-se as luzes por detrás uma cortina escura revelando o tamanho e a organização da mesma e o que prometia ser um resto de noite memorável. Estreantes no nosso país, a Frankfurt Radio Bigband, apresenta-se de uma forma imponente, mostrando logo no início toda o seu valor e justificando o seu prestígio internacional.

Juntos com Ana Moura, tocam as suas canções de uma forma nunca antes vista para delícia de todos. Uma união entre o fado e o jazz marcava aquele momento com solos de vários instrumentos de sopro. Uma organização calibrada ao milímetro para nada falhar naquela noite tão especial. Mais fados foram interpretados recebendo feedback bastante positivo mas quando Ana Moura anuncia o tema Vou Dar de Beber à Dor, da eterna Amália Rodrigues, é como se toda a energia se tivesse restabelecido. Uma interpretação magnífica, assim de pode caracterizar esse momento nunca desvalorizando todo o espectáculo e a voz da artista.

 

Mais canções percorreram a noite que parecia não ter fim mas que inevitavelmente tinha que acabar. Ana Moura pede alguns minutos para agradecer a todos os seus amigos, colaborares e aos seus músicos que a têm apoiado e acompanhado e despede-se de uma noite de emoções fortes e numa sala que anseia um dia poder voltar a vê-la.

Fonte: Palco Principal José Aguiar / Fotos: Filipa Oliveira



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