Portal do Fado

Não é uma voz fácil a de Aldina Duarte e se essa porta não se abre, muito dificilmente sobra vontade para visitar a casa mas a beleza de «Contos de Fados» começa muito antes da música. Desde logo, com um título que merece um lugar de destaque num panteão em que também se encontram «Independanças» dos GNR, ou «Preto no Branco» de Boss AC.

A etapa seguinte da descoberta de «Contos de Fados» é o fabuloso trabalho gráfico que envolve aquele que é, sem mais delongas, o mais completo e sublime álbum de Aldina Duarte, a voz que sempre procurou um equilíbrio perfeito entre o fado e uma noção heterogénea de arte.

Encontrou-a agora num disco garrido de pulsão arterial em que o sangue que lhe corre nas veias é o motor de uma obra total. Todas as partes desempenham uma função importante: as palavras são certeiras, as melodias sentidas e a voz sublime. «Contos de Fados» roça a perfeição.

Aldina Duarte afirma-se, mais do que nunca, num universo tradicionalista que não tem que chocar com a contemporaneidade do contexto em que nasce. Não nos podemos esquecer que o fado é candidato a ser considerado Património da Unesco. Se dependesse de «Contos de Fados» a vitória estava assegurada.Davide Pinheiro