Mariza
Fadistas - Actualizado em Fevereiro 16, 2018
Cresceu ali, entre os bairros da Mouraria e de Alfama, onde travou
conhecimento com o fado e com tantos
fadistas...
Em menos de doze anos, Mariza passou de um fenómeno local quase escondido, partilhado apenas por um pequeno círculo de admiradores lisboetas, para uma das mais aplaudidas estrelas do circuito mundial da World Music.
Tudo começou com o seu primeiro CD, Fado em Mmim, editado em 2001, que depressa conduziu a numerosas apresentações internacionais de grande sucesso – o Festival de Verão do Québec, em que recebeu o Primeiro Prémio (Most Outstanding Performance), o Central Park de Nova Iorque, o Hollywood Bowl, o Royal Festival Hall, o Festival Womad – e que acabou por lhe conferir o prémio da BBC Rádio 3 para o Melhor Artista Europeu na área da World Music. Fado em Mim era um primeiro álbum entusiasmante, mostrando uma jovem cantora com uma voz cheia e vibrante e um a forte personalidade artística. Cantava ainda vários sucessos do repertório de Amália, mas a sua abordagem à herança da grande diva do fado era já tão pessoal que podia facilmente afastar de si qualquer sugestão de mera imitação. E no seio do seu repertório original Ó Gente da minha Terra, do jovem compositor Tiago Machado, depressa se converteu num enorme sucesso, por direito próprio.
Em 2003 surgiu o seu segundo álbum, Fado Curvo. Era claramente um passo em frente no processo de reforço do seu estilo pessoal e do seu repertório próprio, com a ajuda de arranjos excelentes de Carlos Maria Trindade. Amália estava ainda presente, com a sua emblemática Primavera, sobre poema de David Mourão Ferreira, mas também o estava o cantor de intervenção José Afonso, um ícone da oposição democrática ao regime de Salazar nos anos 60 e 70, e muito do restante material era novo e inspirado. Fado Curvo acabaria por chegar ao 6º lugar na tabela Billboard da World Music e por ganhar o Deustche Schallplattenpreis e o European Border Breakers Awars, atribuído no MIDEM de 2004. As apresentações públicas de Mariza multiplicaram-se, com grandes triunfos pessoais no Royal Festival Hal de Londres, na Alte Oper de Frankfurt, no Théâtre de le Ville de Paris, no Walt Disney Concert Hall de Los Angeles (com a Orquestra Filarmónica de Los Angeles), no Teatro Albéniz de Madrid ou no Teatre Grec de Barcelona. O seu estilo interpretativo deste período pode ver-se no seu DVD Live in London, que contém o seu recital de Março de 2003 na Union Chapel e demonstra bem os seus dotes vocais impressionantes e a sua auto-confiança crescente no palco. Em 2004, juntamente com Carlos do Carmo, seria nomeada pelo Presidente da Câmara de Lisboa Embaixadora da candidatura do Fado à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, que viria a ser aprovada pela UNESCO em Novembro de 2011.
2005, ano em que recebeu o Prémio de Melhor Intérprete da Fundação Amália Rodrigues e foi nomeada Embaixadora de Boa Vontade da UNICEF, seria para Mariza um ano particularmente notável no plano artístico, com a saída do seu terceiro CD, Transparente. Neste álbum emergiria uma sua faceta nova e mais madura, tão segura dos seus dotes vocais que podia agora dar-se ao luxo tanto de sussurrar e de cantar baixinho como de demonstrar os seus plenos poderes, construindo o clímax de cada frase de um modo que impressionava pela serenidade e pela inteligência, articulando o texto de uma forma ainda mais expressiva. Soube encontrar a oportunidade para homenagear três grandes fadistas com os quais sente profundas afinidades artísticas e pessoais: Amália, cujo Segredo, de Reinaldo Ferreira e Alain Oulmain, fora o último original lançado em sua vida; Fernando Maurício, recentemente desaparecido, que o público popular de Lisboa aclamava como “O Rei do Fado” e com quem ela própria cantara por diversas vezes no bairro da Mouraria em que ambos viviam; e Carlos do Carmo, cujos conselhos Mariza sempre reconheceu como um importante factor formativo na sua personalidade artística e ao qual se dedicava uma versão muito afectuosa de um dos seus maiores sucessos, Duas Lágrimas de Orvalho. O repertório era agora mais variado, tanto em termos musicas como no plano poético, e apoiava-se em orquestrações extraordinárias de Jacques Morenlembaum. Um CD e um DVD do seu concerto antológico de Lisboa em Setembro de 2005, com o acompanhamento da Sinfonieta de Lisboa dirigida pelo próprio Morenlenbaum, seria lançado em 2006 e constituiria mais um documento a revelar bem esta etapa de maturidade reforçada. Neste mesmo ano receberia das mãos do Presidente da República, Jorge Sampaio, o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique.
A carreira de Mariza prosseguiria a partir de então com um sucesso maior do que nunca, com constantes apresentações nos palcos mais importantes do mundo: o Olympia de Paris, a Ópera de Frankfurt Opera, o Royal Festival Hall de Londres, o Le Carré de Amsterdão, o Palau de la Música de Barcelona, a Sydney Opera House, o Carnegie Hall de Nova Iorque, o Walt Disney Concert Hall de Los Angeles – neste último caso com uma cenografia especialmente concebida para o efeito por nada mais nada menos do que Frank Gehry.
Em 2007 foi uma das estrelas principais do filme Fados, do realizador espanhol Carlos Saura, exibido em quase cem países, e protagonizou o documentário Mariza and the History of Fado, produzido para a BBC pelo crítico musical Simon Broughton, e no ano seguinte participou de forma destacada na primeira série documental da televisão pública portuguesa sobre a História do Fado, Trovas Antigas, Saudade Louca, narrada por Carlos do Carmo sobre guião de Rui Vieira Nery.
Também em 2008 surgiu o seu quarto álbum, Terra¸ com direcção musical de José Limón, reunindo o novo repertório que interpretara nas suas digressões mais recentes, com sucessos como Alfama e Rosa Branca e parcerias com Tito Paris, Concha Buika, Ivan Lins e Dominic Miller.
E 2010 seria o ano de um projecto muito especial, o álbum Fado Tradicional, no qual Mariza reafirmaria a sua ligação à tradição mais autêntica do Fado clássico regressando a alguns dos mais destacados compositores da história do género, como Alfredo Marceneiro, ainda que com uma abordagem interpretativa assumidamente individual e contemporânea. Nesse mesmo ano seria condecorada pelo Governo francês com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras.
Nenhum outro artista português desde Amália Rodrigues construiu uma carreira internacional com semelhante sucesso, acumulando êxito após êxito nos palcos mundiais de maior prestígio, referências entusiásticas dos críticos musicais mais exigentes e uma sucessão infindável de prémios e distinções internacionais. Como sempre, os seus parceiros musicais continuam a ser apenas os melhores: Jacques Morelenbaum e John Mauceri, José Merced e Miguel Poveda, Gilberto Gil e Ivan Lins, Lenny Kravitz e Sting, Cesária Évora e Tito Paris, Rui Veloso e Carlos do Carmo. E o seu repertório, embora permaneça firmemente ancorado no Fado clássico e contemporâneo, expandiu-se para incluir mornas cabo-verdianas, clássicos do Rhythm & Blues e quaisquer outras melodias que lhe sejam queridas.
Nos últimos doze anos, Mariza ultrapassou já de muito longe a fase em que poderia constituir apenas um mero episódio exótico na cena da World Music, capaz de ser substituído por qualquer novo fenómeno colorido que aparecesse num outro canto geográfico do mercado da indústria discográfica. Provou ser já uma grande artista internacional, de forte originalidade e de enorme talento, de quem muito há que esperar no futuro. A menina de Moçambique criada no bairro popular lisboeta da Mouraria apropriou-se das raízes da sua cultura musical e converteu-se numa artista universal capaz de se abrir ao mundo sem perder a consciência intensa da sua identidade portuguesa. E o público português é o primeiro a reconhecer o seu triunfo e a pagar-lhe com um amor e uma gratidão sem limites.
Tudo começou com o seu primeiro CD, Fado em Mmim, editado em 2001, que depressa conduziu a numerosas apresentações internacionais de grande sucesso – o Festival de Verão do Québec, em que recebeu o Primeiro Prémio (Most Outstanding Performance), o Central Park de Nova Iorque, o Hollywood Bowl, o Royal Festival Hall, o Festival Womad – e que acabou por lhe conferir o prémio da BBC Rádio 3 para o Melhor Artista Europeu na área da World Music. Fado em Mim era um primeiro álbum entusiasmante, mostrando uma jovem cantora com uma voz cheia e vibrante e um a forte personalidade artística. Cantava ainda vários sucessos do repertório de Amália, mas a sua abordagem à herança da grande diva do fado era já tão pessoal que podia facilmente afastar de si qualquer sugestão de mera imitação. E no seio do seu repertório original Ó Gente da minha Terra, do jovem compositor Tiago Machado, depressa se converteu num enorme sucesso, por direito próprio.
Em 2003 surgiu o seu segundo álbum, Fado Curvo. Era claramente um passo em frente no processo de reforço do seu estilo pessoal e do seu repertório próprio, com a ajuda de arranjos excelentes de Carlos Maria Trindade. Amália estava ainda presente, com a sua emblemática Primavera, sobre poema de David Mourão Ferreira, mas também o estava o cantor de intervenção José Afonso, um ícone da oposição democrática ao regime de Salazar nos anos 60 e 70, e muito do restante material era novo e inspirado. Fado Curvo acabaria por chegar ao 6º lugar na tabela Billboard da World Music e por ganhar o Deustche Schallplattenpreis e o European Border Breakers Awars, atribuído no MIDEM de 2004. As apresentações públicas de Mariza multiplicaram-se, com grandes triunfos pessoais no Royal Festival Hal de Londres, na Alte Oper de Frankfurt, no Théâtre de le Ville de Paris, no Walt Disney Concert Hall de Los Angeles (com a Orquestra Filarmónica de Los Angeles), no Teatro Albéniz de Madrid ou no Teatre Grec de Barcelona. O seu estilo interpretativo deste período pode ver-se no seu DVD Live in London, que contém o seu recital de Março de 2003 na Union Chapel e demonstra bem os seus dotes vocais impressionantes e a sua auto-confiança crescente no palco. Em 2004, juntamente com Carlos do Carmo, seria nomeada pelo Presidente da Câmara de Lisboa Embaixadora da candidatura do Fado à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, que viria a ser aprovada pela UNESCO em Novembro de 2011.
2005, ano em que recebeu o Prémio de Melhor Intérprete da Fundação Amália Rodrigues e foi nomeada Embaixadora de Boa Vontade da UNICEF, seria para Mariza um ano particularmente notável no plano artístico, com a saída do seu terceiro CD, Transparente. Neste álbum emergiria uma sua faceta nova e mais madura, tão segura dos seus dotes vocais que podia agora dar-se ao luxo tanto de sussurrar e de cantar baixinho como de demonstrar os seus plenos poderes, construindo o clímax de cada frase de um modo que impressionava pela serenidade e pela inteligência, articulando o texto de uma forma ainda mais expressiva. Soube encontrar a oportunidade para homenagear três grandes fadistas com os quais sente profundas afinidades artísticas e pessoais: Amália, cujo Segredo, de Reinaldo Ferreira e Alain Oulmain, fora o último original lançado em sua vida; Fernando Maurício, recentemente desaparecido, que o público popular de Lisboa aclamava como “O Rei do Fado” e com quem ela própria cantara por diversas vezes no bairro da Mouraria em que ambos viviam; e Carlos do Carmo, cujos conselhos Mariza sempre reconheceu como um importante factor formativo na sua personalidade artística e ao qual se dedicava uma versão muito afectuosa de um dos seus maiores sucessos, Duas Lágrimas de Orvalho. O repertório era agora mais variado, tanto em termos musicas como no plano poético, e apoiava-se em orquestrações extraordinárias de Jacques Morenlembaum. Um CD e um DVD do seu concerto antológico de Lisboa em Setembro de 2005, com o acompanhamento da Sinfonieta de Lisboa dirigida pelo próprio Morenlenbaum, seria lançado em 2006 e constituiria mais um documento a revelar bem esta etapa de maturidade reforçada. Neste mesmo ano receberia das mãos do Presidente da República, Jorge Sampaio, o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique.
A carreira de Mariza prosseguiria a partir de então com um sucesso maior do que nunca, com constantes apresentações nos palcos mais importantes do mundo: o Olympia de Paris, a Ópera de Frankfurt Opera, o Royal Festival Hall de Londres, o Le Carré de Amsterdão, o Palau de la Música de Barcelona, a Sydney Opera House, o Carnegie Hall de Nova Iorque, o Walt Disney Concert Hall de Los Angeles – neste último caso com uma cenografia especialmente concebida para o efeito por nada mais nada menos do que Frank Gehry.
Em 2007 foi uma das estrelas principais do filme Fados, do realizador espanhol Carlos Saura, exibido em quase cem países, e protagonizou o documentário Mariza and the History of Fado, produzido para a BBC pelo crítico musical Simon Broughton, e no ano seguinte participou de forma destacada na primeira série documental da televisão pública portuguesa sobre a História do Fado, Trovas Antigas, Saudade Louca, narrada por Carlos do Carmo sobre guião de Rui Vieira Nery.
Também em 2008 surgiu o seu quarto álbum, Terra¸ com direcção musical de José Limón, reunindo o novo repertório que interpretara nas suas digressões mais recentes, com sucessos como Alfama e Rosa Branca e parcerias com Tito Paris, Concha Buika, Ivan Lins e Dominic Miller.
E 2010 seria o ano de um projecto muito especial, o álbum Fado Tradicional, no qual Mariza reafirmaria a sua ligação à tradição mais autêntica do Fado clássico regressando a alguns dos mais destacados compositores da história do género, como Alfredo Marceneiro, ainda que com uma abordagem interpretativa assumidamente individual e contemporânea. Nesse mesmo ano seria condecorada pelo Governo francês com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras.
Nenhum outro artista português desde Amália Rodrigues construiu uma carreira internacional com semelhante sucesso, acumulando êxito após êxito nos palcos mundiais de maior prestígio, referências entusiásticas dos críticos musicais mais exigentes e uma sucessão infindável de prémios e distinções internacionais. Como sempre, os seus parceiros musicais continuam a ser apenas os melhores: Jacques Morelenbaum e John Mauceri, José Merced e Miguel Poveda, Gilberto Gil e Ivan Lins, Lenny Kravitz e Sting, Cesária Évora e Tito Paris, Rui Veloso e Carlos do Carmo. E o seu repertório, embora permaneça firmemente ancorado no Fado clássico e contemporâneo, expandiu-se para incluir mornas cabo-verdianas, clássicos do Rhythm & Blues e quaisquer outras melodias que lhe sejam queridas.
Nos últimos doze anos, Mariza ultrapassou já de muito longe a fase em que poderia constituir apenas um mero episódio exótico na cena da World Music, capaz de ser substituído por qualquer novo fenómeno colorido que aparecesse num outro canto geográfico do mercado da indústria discográfica. Provou ser já uma grande artista internacional, de forte originalidade e de enorme talento, de quem muito há que esperar no futuro. A menina de Moçambique criada no bairro popular lisboeta da Mouraria apropriou-se das raízes da sua cultura musical e converteu-se numa artista universal capaz de se abrir ao mundo sem perder a consciência intensa da sua identidade portuguesa. E o público português é o primeiro a reconhecer o seu triunfo e a pagar-lhe com um amor e uma gratidão sem limites.
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Por outro lado se o fenomeno marketing Mariza servir para os portugueses consumirem mais artistas portugueses e cultura nossa entao UM BEM HAJA À MARIZA E AO MARKETING !!! Citação
Lá por ela dar 'uns pézinhos de dança' deixa de ser fadista? Lá por não fazer tudo o que a Amália fazia, deixa de ser fadista? oh, por favor. A Amália, ela própria, dizia que nunca tinha sido uma seguidora do fado tradicional, que nunca se deixou amarrar a ele e que criou a sua própria música, o seu próprio fado. É isso que a Mariza anda a fazer, a criar a sua própria sonoridade, boa para uns, má para outros, mas assim é a vida e nem a todos se pode agradar.
E depois vêm com a conversa do marketing, qual é o mal de se comercializar o fado? E a Mariza tem que ser uma boa cantora de fado para poder ser 'comercializada' como tal, senão decerto que teriam escolhido outra se ela não fosse a grande cantadeira de fados que é.
E se eu, se me perguntarem qual é a minha fadista preferida, responder Mariza, não é por a conhecer só pela fama, é por eu conhecer toda a obra desta grande cantora, e sentir aquilo que sinto quando a oiço cantar. Citação
Que me interessa a mim onde a Mariza começou? Tem voz e tem alma para cantar, isso para mim basta. A Amália também começou por ser bordadeira, não foi por isso que deixou de ser quem foi.
Acho engraçado quando começam a culpar a maquina promocional. Que bem lhe faria a publicidade se ela não soubesse cantar? se ela não tivesse esse sentimento de alma? Por muito boa que fosse a maquina, o povo esqueci-a em três tempos. Mas a Mariza continua aí. A ser aclamada não só no nosso país, mas nos grandes palcos do mundo.
Ela não é, e sublinho isso, a minha fadista de eleição, mas não lhe tiro o mérito que tem.
Você é a típica portuguesa, adora queixar-se, gosta tanto que até se queixa das coisas boas que tem. Citação
Isto de dizer que "não tem alma fadista" é explicação para o inexplicável. Sim de que lhe valia a "maquina" se a senhora não tivesse boa voz, e não soubesse cantar? E depois quando não há argumentos para refutar o facto de a Mariza ser boa naquilo que faz, atira-se a velha deixa "não tem alma fadista" que é como quem diz, a rapariga até canta bem mas como vou explicar que não gosto dela? Eh pá que não gostem dela tudo bem mas admitam que a Mariza faz bem o que faz, que é cantar, e acima de tudo, e disto devíamos ter orgulho, leva o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo!
O Fado, ao contrario do que muita gentinha pensa, não é o que o fadista sente nem deixa de sentir, é sim o sentimento que o fadista desperta em nós! O fado e qualquer música tem o seu expoente no ouvinte e sempre no ouvinte, de que vale a "alma fadista" de um fadista se não tiver ninguém que o oiça?
Ora vamos ca pegar no exemplo da Amália. A senhora Amália como toda a gente sabe durante a sua carreira não cantou apenas fado. Amália cantou de TUDO! Alguma vez deixou de ser fadista por causa disso? Citação
De facto,de que vale a "alma fadista" se o fadista não tiver ninguém que o oiça?
Um fadista até pode chorar de tanta emoção enquanto canta, mas nada despertar em quem o ouve. Uns com pouca voz conseguem abanar estruturas, e outros com mais recursos vocais não conseguem tanto.
A Mariza por onde passa esgota salas em pouco tempo. Quantos são os fadistas da sua geração que conseguem encher o Coliseu?
Quem lá vai pode não saber o que é o fado e pode até estar errado quanto ao facto da Mariza ser ou não ser fadista de gema. Mas está a leste dessa questão e nem pensa nela, porque quem esgota um Coliseu inteiro, fa-lo porque sente que não pode perder um momento que lhe vai fazer sentir algo de único.
A primeira condição para o sucesso de uma carreira, pode não estar tanto nos dotes vocais, mas muito mais no sentimento que se consegue despertar nos outros e na capacidade de o manter. Se a sala para estar cheia não pode ser muito grande e os CD não se vendem, a solução mais fácil é sempre a de criticar o mercado que está em crise, o público que só consome o que lhe derem embalado, a máquina que não existe ou falhou, ou simplesmente a falta de sorte na vida. Olhar para fora nestas situações,é sempre a solução menos dolorosa.
Se a Mariza é recordista de vendas, então algum mérito tem de ter, porque ninguém obriga ninguém a comprar um CD se não quiser, ou a comprar um bilhete para um espectáculo. Pode não ter voz para alguns, pode não ser fadista para muitos, mas sabe como ninguém cativar as muitas almas que compram os seus trabalhos e esgotam os seus espectáculos, sentindo algo de único quando a ouvem. Citação
Mais do que um género musical,o Fado é um estilo que se autonomizou. De cada vez que o Fado se tenta superar, deixa de ser fado. Passa a ser outro género, outra música, passa a ser outra coisa. Uma certa coreografia, uma certa estética, uma certa organização dos instrumentos,a precisão na colocação da voz, tudo isso é contrário e completamente diferente do Fado. No Fado há rouquidão, há imprecisão, há busca, há incerteza, há improviso, há uma certa forma de procurar, de exprimir sentimentos ou de representar esses sentimentos. Quando queremos ouvir Fado temos que saber procurar os locais (e horas) apropriados. Muito raramente se ouve Fado nas Casas de Fado para turistas (a não ser quando os fregueses já se foram embora, as portas já estão fechadas e só fica a malta do fado; nessa altura canta-se e toca-se por prazer e não para ganhar o caché). Nos grandes espaços tipo teatro raramente se ouve Fado. O que se ouve é cantores a cantar letras e músicas de fado. Também não é com C. que se ouve Fado (eu também compro e ouço C., que remédio…)E como dizia uma conhecida fadista, não há Fado Novo, nem Fado Canção, nem Fado Ligeiro. Ou é Fado ou não é Fado. E para terminar, há por aqui uns comentadores que além de serem mal educados dão cada pontapé na gramática que até arrepia… Mas provàvelmente são mesmo fadistas e só por isso já gosto deles e tudo
lhes desculpo… Citação
Agradeço as suas amáveis palavras.
Espero que nos encontremos um destes dias nas andanças fadistas.
Acabamos de chegar a casa (a minha mulher e eu), vindos da Tasca do Chico.Ainda ouvimos o Pedro Moutinho, o Chico Madureira e a Paula Colaço. Antes disso estivemos a jantar no Tininho e à conversa com o Ricardo Parreira e o Batalha (entre outros).São 4 e meia da manhã e amanhã temos que trabalhar da parte da tarde…
Os outros amantes do Fado desculpem esta conversa que já não teve nada a ver com o tema inicial. Citação
A MAriza canta muito bem o fado, se bem que um fado de uma geraçao recente,(mas que move multidoes nos seus concertos, sejam jovens, menos jovens, nao seguiu o tradicional e nada tem a ver com a Amália…e ainda bem porque se assim fosse nao era eu k apreciava o fado de MAriza, assim como, nunca apreciei a Amália … Ontem assisti a um concerto de MAriza e foi extraordionario , esplendido… uma verdadeira diva…
Beijao MAriza e estaras sempre no coraçao dos Portugueses Citação