Fado contribui para o bem-estar, diz estudo
Arquivo - Outubro 14, 2015
O psicólogo e investigador Gonçalo Barradas, apresenta na
quinta-feira o primeiro estudo psicológico sobre as emoções evocadas
pelo fado.
O autor disse à Lusa que este género musical contribui para o bem-estar subjetivo dos seus ouvintes.
Gonçalo Barradas vai apresentar este estudo, que é o primeiro no âmbito da psicologia a "explorar os mecanismos psicológicos subjacentes às emoções evocados pelo Fado", no decorrer da IV Conferência Internacional sobre Música e Emoções, em Genebra, na Suíça.
Os resultados preliminares do estudo apontam para o facto de que " ouvir Fado, nos ambientes e modos em que hoje é interpretado, contribui para o bem-estar subjetivo dos seus ouvintes", como adiantou à Lusa Gonçalo Barradas, doutorando na Universidade de Uppsala, na Suécia.
"Este é o primeiro estudo no âmbito da psicologia que explora os mecanismos psicológicos subjacentes às emoções evocados pelo Fado, nomeadamente a nostalgia e a tristeza", enfatizou.
"Os resultados sugerem que o Fado induz principalmente nostalgia e tristeza. Outras emoções, como a alegria, são sentidas/evocadas com menor frequência. As emoções referidas são mediadas principalmente por memórias episódicas, contágio emocional e julgamento estético", explicou à Lusa.
Segundo o investigador, "a nostalgia reforça o bem-estar subjetivo dos ouvintes no sentido em que fortalece o sentido de comunidade e permite a reflexão em aspetos pessoais do passado, enquanto a tristeza é regulada principalmente por experiências catárticas, como o ato de chorar e consequente bem-estar".
A nostalgia foi também "associada com as memórias negativas dos ouvintes, que são importantes para o crescimento pessoal, e uma forma de evitar os erros do passado, enquanto a tristeza se associou aos aspetos melódicos do Fado, contribuindo principalmente para que o ouvinte encontre rapidamente uma emoção que condiz com o seu estado de humor, regulando assim o seu bem-estar".
Por outro lado, adiantou o investigador, "o julgamento estético das características do Fado no seu contexto natural, está associado à mensagem transmitida, à expressividade do/a fadista e dos músicos, à sua destreza/habilidade e à proximidade estabelecida".
Para realizar esta investigação, Gonçalo Barradas esteve dois meses em Portugal, onde registou 34 entrevistas a ouvintes de fado. Analisou o seu conteúdo, tendo sido este "codificado em categorias".
"Uma abordagem qualitativa permitiu analisar a forma como a interação entre lugares, música e ouvintes contribui para a ativação de mecanismos e emoções específicas, e as consequências para o bem-estar subjetivo dos ouvintes".
Segundo o investigador, pesquisas recentes fornecem uma explicação de como os mecanismos psicológicos subjacentes à música mediam a indução de emoções nos ouvintes, advertindo que, tendo em conta que "algumas culturas, como a portuguesa, são mais frequentemente expostas a certas características musicais e ambientes, pode-se esperar que estes desencadeiem mecanismos e emoções que servem funções de uma forma parcialmente cultural".
Quanto às características mais marcantes para a qual a música contribui para o bem-estar subjetivo do ouvinte, estas "envolvem a melodia das guitarras, a mensagem, e o desempenho do/a fadista, enquanto a proximidade entre ouvintes e intérpretes e o ambiente criado na tasca ou Casa de Fados foram os aspetos mais relevantes reportados sobre o lugar".
"A exposição a determinados ambientes onde a partilha de emoções é favorecida, parece ser determinante para o desencadear de memórias, favorecendo a regulação das emoções evocadas", não sendo alheio "o contágio emocional proporcionado pelas guitarras [que] permite a catarse de emoções mais negativas que acumulamos ao longo da vida".
Gonçalo Barradas vai apresentar este estudo, que é o primeiro no âmbito da psicologia a "explorar os mecanismos psicológicos subjacentes às emoções evocados pelo Fado", no decorrer da IV Conferência Internacional sobre Música e Emoções, em Genebra, na Suíça.
Os resultados preliminares do estudo apontam para o facto de que " ouvir Fado, nos ambientes e modos em que hoje é interpretado, contribui para o bem-estar subjetivo dos seus ouvintes", como adiantou à Lusa Gonçalo Barradas, doutorando na Universidade de Uppsala, na Suécia.
"Este é o primeiro estudo no âmbito da psicologia que explora os mecanismos psicológicos subjacentes às emoções evocados pelo Fado, nomeadamente a nostalgia e a tristeza", enfatizou.
"Os resultados sugerem que o Fado induz principalmente nostalgia e tristeza. Outras emoções, como a alegria, são sentidas/evocadas com menor frequência. As emoções referidas são mediadas principalmente por memórias episódicas, contágio emocional e julgamento estético", explicou à Lusa.
Segundo o investigador, "a nostalgia reforça o bem-estar subjetivo dos ouvintes no sentido em que fortalece o sentido de comunidade e permite a reflexão em aspetos pessoais do passado, enquanto a tristeza é regulada principalmente por experiências catárticas, como o ato de chorar e consequente bem-estar".
A nostalgia foi também "associada com as memórias negativas dos ouvintes, que são importantes para o crescimento pessoal, e uma forma de evitar os erros do passado, enquanto a tristeza se associou aos aspetos melódicos do Fado, contribuindo principalmente para que o ouvinte encontre rapidamente uma emoção que condiz com o seu estado de humor, regulando assim o seu bem-estar".
Por outro lado, adiantou o investigador, "o julgamento estético das características do Fado no seu contexto natural, está associado à mensagem transmitida, à expressividade do/a fadista e dos músicos, à sua destreza/habilidade e à proximidade estabelecida".
Para realizar esta investigação, Gonçalo Barradas esteve dois meses em Portugal, onde registou 34 entrevistas a ouvintes de fado. Analisou o seu conteúdo, tendo sido este "codificado em categorias".
"Uma abordagem qualitativa permitiu analisar a forma como a interação entre lugares, música e ouvintes contribui para a ativação de mecanismos e emoções específicas, e as consequências para o bem-estar subjetivo dos ouvintes".
Segundo o investigador, pesquisas recentes fornecem uma explicação de como os mecanismos psicológicos subjacentes à música mediam a indução de emoções nos ouvintes, advertindo que, tendo em conta que "algumas culturas, como a portuguesa, são mais frequentemente expostas a certas características musicais e ambientes, pode-se esperar que estes desencadeiem mecanismos e emoções que servem funções de uma forma parcialmente cultural".
Quanto às características mais marcantes para a qual a música contribui para o bem-estar subjetivo do ouvinte, estas "envolvem a melodia das guitarras, a mensagem, e o desempenho do/a fadista, enquanto a proximidade entre ouvintes e intérpretes e o ambiente criado na tasca ou Casa de Fados foram os aspetos mais relevantes reportados sobre o lugar".
"A exposição a determinados ambientes onde a partilha de emoções é favorecida, parece ser determinante para o desencadear de memórias, favorecendo a regulação das emoções evocadas", não sendo alheio "o contágio emocional proporcionado pelas guitarras [que] permite a catarse de emoções mais negativas que acumulamos ao longo da vida".
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Comentários
#1
Isabel Maria Fado
2015-10-15 06:18
Sou fadista e sei e sinto com toda a certeza que ao cantar descarrego toda essa catarse de emoções mais negativas que acumulei ao longo da vida. Obrigada
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