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José Manuel Neto - Tons de fado

Discos - Junho 01, 2017
Museu do Fado / 2017
Dotado de uma técnica evoluída e com uma sensibilidade e uma criatividade únicas, está na linha dos fora de série que têm escrito a história da guitarra portuguesa, como Armandinho, Jaime Santos ou José Nunes.

Tem desenvolvido, dentro dos cânones do fado, um estilo próprio marcado pela fluidez, versatilidade e simplicidade frásica que caracteriza a melhor música popular.

á por várias vezes referi a excelência do trabalho do guitarrista José Manuel Neto enquanto  acompanhante (muito disputado) de célebres fadistas (Carlos do Carmo, Camané, etc.) e agora , finalmente , tenho o prazer de assinalar a sua estreia absoluta (que já tardava, convenhamos)  como artista a solo através  de “Tons de Lisboa”, disco que para além de constituir um verdadeiro acontecimento musical marca o ano de 2016 como um ano vintage em matéria de guitarristas de fado no masculino, tal a qualidade dos projectos protagonizados pela guitarra portuguesa e que viram a  luz do dia no presente ano.

Com o curiosidade, recorde-se, de José Manuel Neto já ter anteriormente gravado  também com o maestro Paul Van Nevel e o Huelgas Ensemble o álbum “Tears of Lisbon”, o que diz bem da sua valia como instrumentista, pois Nevel era um dos mais exigentes maestros e experts de música antiga que conheci nos meus tempos como label manager da Sony Classical em Portugal…

 

Mas que dizer do trabalho de José Manuel Neto que eu não tenha dito já anteriormente?

É sem dúvida um instrumentista extraordinário, que com o seu trabalho tem ilustrado e ajudado ao brilhantismo dos projectos de algumas vozes do fado que têm podido contar com a sua presença nos seus discos ou nos seus recitais e é , acima de tudo e fundamentalmente, uma das personagens vivas mais importantes do mundo do fado. Eu, pessoalmente, considero-o um virtuoso e mesmo até já uma das lendas vivas da actualidade fadista…

 

O seu primeiro trabalho a solo fala por si: criatividade, emotividade, sensibilidade e brilhantismo andam aqui de mãos dadas em perfeita comunhão de ideias, sintonias e versatilidade e rimam na perfeição com honestidade, técnica, modéstia e criatividade.

Gostava de realçar no disco não só a sentida homenagem que o guitarrista fez a sua mãe – Deolinda Maria -, ao incluir no alinhamento “A Carta do Adeus”, onde graças às novas tecnologias se conseguiu juntar ao lote de músicos o filho de José Manuel, Ricardo Neto, em contrabaixo, mas também uma outra homenagem prestada por quatro nomes sonantes do fado – Carlos do Carmo, Mariza, Aldina Duarte e Camané – ao interpretarem (brilhantemente) um poema de Manuela de Freitas , “O Neto”, especialmente dedicado ao músico. Resumindo: Arte, talento e genialidade escrevem-se na actualidade com três simples nomes portugueses, José Manuel Neto!

 



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