Carlos Zel
Fadistas - Actualizado em Abril 25, 2012
Carlos Zel teve uma carreira marcante na história recente do fado, interpretando de forma própria temas que aliam a tradição à contemporaneidade.
António Carlos Pereira Frazão nasceu em Setembro de 1950 na Parede. Foi na zona de Cascais e Estoril que começou a cantar, ainda com estatuto de amador. Com 17 anos profissionalizou-se, adoptou o nome artístico de Carlos Zel, e, no ano seguinte, 1968, apresentou-se pela primeira vez na Emissora Nacional.
Carlos Zel cantou em diversos espaços na linha de Cascais, como o bar Galito, ou em casas de fados como a Guitarra da Madragoa, e chegou mesmo a conciliar a actividade de fadista com a profissão de torneiro mecânico. Também o seu irmão, Alcino Frazão, foi um guitarrista de excelência, mas infelizmente viria a falecer muito prematuramente.
Na viragem para a década de 1970, Carlos Zel integrou um conjunto de fadistas que se revelaram nesta época, como é o caso de João Braga, António Melo Correia ou José Pracana, artistas “muito marcados pela procura de uma tradição interpretativa que vêem corporizada essencialmente na figura patriarcal de Marceneiro e na referência mais próxima de Maria Teresa de Noronha (…)”. São características do seu modo de interpretar “uma intensidade expressiva e uma riqueza de variação melódica incomparáveis na abordagem dos fados estróficos tradicionais” (cf. Nery, 2004:246, 264).
Iniciou o registo discográfico do seu repertório ainda na década de 1960. Entre os seus muitos discos, contam-se os seguintes títulos: “Rosa Camareira” (1967), “Poemas de Eduardo Damas” (1968), “Maria dos Olhos Verdes” (1969), “Minha Primeira Cantiga” (1971), O Seu Nome Era Manuel” (disco de homenagem ao toureiro Manuel dos Santos, editado em 1975), “Mestre Núncio” (disco de tributo ao toureiro João Núncio, editado em 1976), “Romeiro (1977), “Lusitano Vagabundo” e “Neste Rio Vou Morrer” (1978), “Cantigamente” (1980) e “À Volta do Fado” (1986).
Em formato CD, Carlos Zel editou o álbum “Fados”, pela BMG em 1993, lançou uma reedição do disco “A Minha Primeira Cantiga”, em 1996, e participou no disco “Harpejos e Gorgeios” de Celina Pereira, em 1998.
O seu último trabalho em disco, de título “Com Tradição” (Movieplay), foi apresentado com grande sucesso, num concerto do grande auditório do CCB, a 23 de Outubro de 2000. Nesta data é ainda bem notório que Carlos Zel “possui ligações maiores ao fado tradicional, com tudo o que ele possui de boémio e castiço”, embora apresente alguns temas provocatórios como o “Fado da Internet”; um poema de Daniel Gouveia, ou o “Retrato dum Alfacinha Sub-urbano”, um poema de José Niza que interpreta no Fado Corrido (cf. “Diário de Notícias”, 1 de Julho de 2000).
Carlos Zel fez digressões e espectáculos em Espanha, França, Holanda, Escócia, Dinamarca, Noruega, Brasil, Argentina, Chile, Venezuela, Canadá, Estados Unidos e Senegal. Em 1997 participa no espectáculo “Raízes Rurais, Paixões Urbanas”, de Ricardo Pais, levado a palco na Cité de la Musique de Paris, com a presença, também, de Argentina Santos.
Em 1984, numa parceria com Carlos Escobar, o fadista abriu na Madragoa a casa de fados O Ardinita (título de um poema de João Linhares Barbosa, interpretado por Fernando Maurício), mas esta tornou-se numa experiência que durou apenas alguns meses.
Para além das apresentações regulares em espectáculos de concerto, em Portugal e no estrangeiro, Carlos Zel integrou, também, o elenco de algumas peças de teatro de revista. A título de exemplo refiram-se a “Aldeia da roupa suja”, peça apresentada em 1978, no Teatro Variedades, “A Severa”, levada ao palco do Teatro Maria Matos, em 1990, e “Ai quem me acode”, estreada em 1994, no Teatro ABC.
São frequentes as apresentações do fadista na televisão. Carlos Zel participou em programas como o “Piano Bar”, de 1988, ou a série “Pisca Pisca”, de 1989”. Em 1994 o fadista interpretou temas na telenovela “Desencontros” e surgiu, ainda, como actor, em episódios da telenovela “Cinzas”, de 1992, e da série “Polícias”, de 1996.
Reconhecido como intérprete empenhado na divulgação do Fado, Carlos Zel foi um dos sócios fundadores da Academia da Guitarra Portuguesa e do Fado, em 1994. Por três vezes a Casa da Imprensa atribuiu a Carlos Zel prémios distintivos da sua actividade: em 1993 o “Prémio Prestígio”, em 1997 o “Prémio Neves de Sousa” e, em 2000, o “Prémio Consagração”.
No decorrer do ano de 2000, Carlos Zel foi um dos impulsionadores da programação “Quartas de Fado”, no Casino Estoril, onde actuava todas as semanas. Destaque-se que Carlos Zel foi o primeiro fadista masculino a fazer uma temporada de actuações no espaço do Casino Estoril.
Possuidor de um estilo onde a tradição interpretativa nunca deixou de marcar presença, Carlos Zel popularizou temas como o “Meu amor morre no mar”, “Sonho louco”, “Palavra à solta”, “Prece”, “Fado Pechincha”, “Tenho saudades da baixa”, “Amar outra vez”, “Quero tanto aos teus olhos” ou “Travessa do poço dos Negros”. E, apesar de ser uma referência nacional enquanto fadista, o seu percurso registou tentativas de abrir o fado a outras sonoridades, fazendo algumas experiências ao lado de Luís Represas, no projecto “Cantautores”, da Expo’98, com Maria João e Mário Laginha, num espectáculo do Anfiteatro da Doca, também na Expo’98, e com Carlos Zíngaro, Cesária Évora e Celina Pereira, em trabalhos discográficos.
Carlos Zel faleceu a 14 de Fevereiro de 2002, em Cascais, com 51 anos.
Numa homenagem póstuma, a Câmara Municipal de Cascais atribuiu o seu nome a uma travessa na Parede e a uma rotunda em Birre.
Também o Casino Estoril passou a realizar a “Gala de Fado Carlos Zel”, num evidente tributo ao fadista. Com regularidade anual, a mais recente aconteceu em Abril de 2008 e contou com a presença de Aldina Duarte, Alexandra, Ana Moura, Carlos do Carmo, António Zambujo, Jorge Fernando, Ricardo Ribeiro, entre muitos outros. Museu do Fado
Carlos Zel cantou em diversos espaços na linha de Cascais, como o bar Galito, ou em casas de fados como a Guitarra da Madragoa, e chegou mesmo a conciliar a actividade de fadista com a profissão de torneiro mecânico. Também o seu irmão, Alcino Frazão, foi um guitarrista de excelência, mas infelizmente viria a falecer muito prematuramente.
Na viragem para a década de 1970, Carlos Zel integrou um conjunto de fadistas que se revelaram nesta época, como é o caso de João Braga, António Melo Correia ou José Pracana, artistas “muito marcados pela procura de uma tradição interpretativa que vêem corporizada essencialmente na figura patriarcal de Marceneiro e na referência mais próxima de Maria Teresa de Noronha (…)”. São características do seu modo de interpretar “uma intensidade expressiva e uma riqueza de variação melódica incomparáveis na abordagem dos fados estróficos tradicionais” (cf. Nery, 2004:246, 264).
Iniciou o registo discográfico do seu repertório ainda na década de 1960. Entre os seus muitos discos, contam-se os seguintes títulos: “Rosa Camareira” (1967), “Poemas de Eduardo Damas” (1968), “Maria dos Olhos Verdes” (1969), “Minha Primeira Cantiga” (1971), O Seu Nome Era Manuel” (disco de homenagem ao toureiro Manuel dos Santos, editado em 1975), “Mestre Núncio” (disco de tributo ao toureiro João Núncio, editado em 1976), “Romeiro (1977), “Lusitano Vagabundo” e “Neste Rio Vou Morrer” (1978), “Cantigamente” (1980) e “À Volta do Fado” (1986).
Em formato CD, Carlos Zel editou o álbum “Fados”, pela BMG em 1993, lançou uma reedição do disco “A Minha Primeira Cantiga”, em 1996, e participou no disco “Harpejos e Gorgeios” de Celina Pereira, em 1998.
O seu último trabalho em disco, de título “Com Tradição” (Movieplay), foi apresentado com grande sucesso, num concerto do grande auditório do CCB, a 23 de Outubro de 2000. Nesta data é ainda bem notório que Carlos Zel “possui ligações maiores ao fado tradicional, com tudo o que ele possui de boémio e castiço”, embora apresente alguns temas provocatórios como o “Fado da Internet”; um poema de Daniel Gouveia, ou o “Retrato dum Alfacinha Sub-urbano”, um poema de José Niza que interpreta no Fado Corrido (cf. “Diário de Notícias”, 1 de Julho de 2000).
Carlos Zel fez digressões e espectáculos em Espanha, França, Holanda, Escócia, Dinamarca, Noruega, Brasil, Argentina, Chile, Venezuela, Canadá, Estados Unidos e Senegal. Em 1997 participa no espectáculo “Raízes Rurais, Paixões Urbanas”, de Ricardo Pais, levado a palco na Cité de la Musique de Paris, com a presença, também, de Argentina Santos.
Em 1984, numa parceria com Carlos Escobar, o fadista abriu na Madragoa a casa de fados O Ardinita (título de um poema de João Linhares Barbosa, interpretado por Fernando Maurício), mas esta tornou-se numa experiência que durou apenas alguns meses.
Para além das apresentações regulares em espectáculos de concerto, em Portugal e no estrangeiro, Carlos Zel integrou, também, o elenco de algumas peças de teatro de revista. A título de exemplo refiram-se a “Aldeia da roupa suja”, peça apresentada em 1978, no Teatro Variedades, “A Severa”, levada ao palco do Teatro Maria Matos, em 1990, e “Ai quem me acode”, estreada em 1994, no Teatro ABC.
São frequentes as apresentações do fadista na televisão. Carlos Zel participou em programas como o “Piano Bar”, de 1988, ou a série “Pisca Pisca”, de 1989”. Em 1994 o fadista interpretou temas na telenovela “Desencontros” e surgiu, ainda, como actor, em episódios da telenovela “Cinzas”, de 1992, e da série “Polícias”, de 1996.
Reconhecido como intérprete empenhado na divulgação do Fado, Carlos Zel foi um dos sócios fundadores da Academia da Guitarra Portuguesa e do Fado, em 1994. Por três vezes a Casa da Imprensa atribuiu a Carlos Zel prémios distintivos da sua actividade: em 1993 o “Prémio Prestígio”, em 1997 o “Prémio Neves de Sousa” e, em 2000, o “Prémio Consagração”.
No decorrer do ano de 2000, Carlos Zel foi um dos impulsionadores da programação “Quartas de Fado”, no Casino Estoril, onde actuava todas as semanas. Destaque-se que Carlos Zel foi o primeiro fadista masculino a fazer uma temporada de actuações no espaço do Casino Estoril.
Possuidor de um estilo onde a tradição interpretativa nunca deixou de marcar presença, Carlos Zel popularizou temas como o “Meu amor morre no mar”, “Sonho louco”, “Palavra à solta”, “Prece”, “Fado Pechincha”, “Tenho saudades da baixa”, “Amar outra vez”, “Quero tanto aos teus olhos” ou “Travessa do poço dos Negros”. E, apesar de ser uma referência nacional enquanto fadista, o seu percurso registou tentativas de abrir o fado a outras sonoridades, fazendo algumas experiências ao lado de Luís Represas, no projecto “Cantautores”, da Expo’98, com Maria João e Mário Laginha, num espectáculo do Anfiteatro da Doca, também na Expo’98, e com Carlos Zíngaro, Cesária Évora e Celina Pereira, em trabalhos discográficos.
Carlos Zel faleceu a 14 de Fevereiro de 2002, em Cascais, com 51 anos.
Numa homenagem póstuma, a Câmara Municipal de Cascais atribuiu o seu nome a uma travessa na Parede e a uma rotunda em Birre.
Também o Casino Estoril passou a realizar a “Gala de Fado Carlos Zel”, num evidente tributo ao fadista. Com regularidade anual, a mais recente aconteceu em Abril de 2008 e contou com a presença de Aldina Duarte, Alexandra, Ana Moura, Carlos do Carmo, António Zambujo, Jorge Fernando, Ricardo Ribeiro, entre muitos outros. Museu do Fado
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É difícil imaginar a quantidade de gente envolvida para desgraçar centenas de famílias. Citação