Amália, A ressureição - Fernando Dacosta
Livros - Maio 15, 2017
“Camões deu-nos a língua, Pessoa o pensamento, Amália a voz”, escreve Fernando Dacosta numa das primeiras páginas do seu novo livro, “Amália, A Ressurreição”.
Um livro em que Fernando Dacosta tenta responder a inúmeras perguntas que ainda nos intrigam e inquietam acerca de Amália Rodrigues. Porque, apesar de Amália ser a fadista cujos pormenores de vida (e da obra) são mais bem conhecidos, estudados e analisados, ainda restam milhares de mistérios por desvendar e segredos por revelar. E Fernando Dacosta lança aqui uma nova – e muitas vezes inédita – luz sobre muitos deles.
Porque, repete-se, quando falamos de Amália – e escrevemos sobre Amália – a questão fundamental é sempre esta: de que lado é que ela nos olha e de que lado é que nós a olhamos? Da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda? Do lado da mulher de origem rural, beirã, que ela se sentia sempre ser ou da (grande) senhora urbana e cosmopolita que ela também foi? Do lado dos letristas populares do fado ou de um outro, novo então, em que os grandes poetas portugueses também tinham lugar na sua voz (e no fado)? Do lado das mais profundas tradições deste género ou daquele em que havia lugar para as canções de um compositor de escola erudita (Alain Oulman) e adaptações de canções populares brasileiras (“Mãe Preta”/”Barco Negro”)? Do lado da música de Lisboa – o Fado! – ou da canção de Coimbra (“Coimbra”/”Avril au Portugal”/”April in Portugal”) e dos malhões, dos viras ou das modas de mil outros lugares do interior de Portugal?
Do lado da música só, e nossa, portuguesa ou de muitas, tantas e imensas, outras músicas (espanholas, italianas, francesas, norte-americanas, brasileiras, israelitas, mexicanas…)? Do lado do glamour ou da simplicidade? Da festa ou do luto? Do recato ou da dolorosa mas necessária exposição pública? Do lado do salazarismo, que dela se aproveitou (com o seu consentimento e declarações públicas de admiração ao chefe do estado) ou da oposição a esse mesmo salazarismo, uma oposição com quem ela convivia diariamente e com quem também se identificava (Alain Oulman, Ary dos Santos, David Mourão-Ferreira, o perigoso “Fado Peniche”, a misteriosa digressão pela União Soviética e outros países do leste comunista…)?
Da esquerda ou da direita? Da direita ou da esquerda? Em tudo – na vida, na obra, no percurso, nas palavras dos fados que cantou (e também, maravilhosamente, em alguns que escreveu), nas centenas de músicas que interpretou – essa dicotomia esteve presente na vida (e, repete-se por ser dela indissociável) e na obra de Amália Rodrigues. E depois, agora, o que ficou de todo esse legado, de todas essas dúvidas, de toda essa obra?
“Amália, A Ressurreição”, do jornalista – maior entre os maiores e exemplo para todos nós, os que vieram depois – Fernando Dacosta dá-nos novas pistas, e conduz-nos sabiamente por todas elas, para a compreensão definitiva de muitas destas e de outras questões sobre Amália Rodrigues.
Porque, repete-se, quando falamos de Amália – e escrevemos sobre Amália – a questão fundamental é sempre esta: de que lado é que ela nos olha e de que lado é que nós a olhamos? Da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda? Do lado da mulher de origem rural, beirã, que ela se sentia sempre ser ou da (grande) senhora urbana e cosmopolita que ela também foi? Do lado dos letristas populares do fado ou de um outro, novo então, em que os grandes poetas portugueses também tinham lugar na sua voz (e no fado)? Do lado das mais profundas tradições deste género ou daquele em que havia lugar para as canções de um compositor de escola erudita (Alain Oulman) e adaptações de canções populares brasileiras (“Mãe Preta”/”Barco Negro”)? Do lado da música de Lisboa – o Fado! – ou da canção de Coimbra (“Coimbra”/”Avril au Portugal”/”April in Portugal”) e dos malhões, dos viras ou das modas de mil outros lugares do interior de Portugal?
Do lado da música só, e nossa, portuguesa ou de muitas, tantas e imensas, outras músicas (espanholas, italianas, francesas, norte-americanas, brasileiras, israelitas, mexicanas…)? Do lado do glamour ou da simplicidade? Da festa ou do luto? Do recato ou da dolorosa mas necessária exposição pública? Do lado do salazarismo, que dela se aproveitou (com o seu consentimento e declarações públicas de admiração ao chefe do estado) ou da oposição a esse mesmo salazarismo, uma oposição com quem ela convivia diariamente e com quem também se identificava (Alain Oulman, Ary dos Santos, David Mourão-Ferreira, o perigoso “Fado Peniche”, a misteriosa digressão pela União Soviética e outros países do leste comunista…)?
Da esquerda ou da direita? Da direita ou da esquerda? Em tudo – na vida, na obra, no percurso, nas palavras dos fados que cantou (e também, maravilhosamente, em alguns que escreveu), nas centenas de músicas que interpretou – essa dicotomia esteve presente na vida (e, repete-se por ser dela indissociável) e na obra de Amália Rodrigues. E depois, agora, o que ficou de todo esse legado, de todas essas dúvidas, de toda essa obra?
“Amália, A Ressurreição”, do jornalista – maior entre os maiores e exemplo para todos nós, os que vieram depois – Fernando Dacosta dá-nos novas pistas, e conduz-nos sabiamente por todas elas, para a compreensão definitiva de muitas destas e de outras questões sobre Amália Rodrigues.
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