Tiago Torres da Silva: “Só sei observar com o coração”
Entrevistas - Fevereiro 24, 2019
Escritor, poeta, letrista. Tem colaborado com Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Anamar, Né Ladeiras ou Eugénia Melo e Castro. É autor e encenador de teatro.
A gentrificação pode pôr em causa a essência do Fado?
Acho que não! Um olhar de fora pode dar uma melhor perspetiva do que possa ser o fado.
Persiste como marca maior da nossa identidade?
Não sei falar pelos outros. Sei dizer que escutar fado e, acima de tudo, o canto de Amália é o que me dá maior convicção da singularidade de ser português.
Consegue decifrar Amália?
Amália é tão vasta, tão única que nem vale a pena tentar. Mas sempre que falo de outro cantor, português ou não, compreendo quais as qualidades que me fazem gostar dele: a afinação ou a intensidade, a inteligência do canto, o carisma… Somando todas as qualidades que um cantor pode ter, tem-se a Amália.
Continuaria a ser única num tempo de muitos e de múltiplas coisas?
A Amália nunca se vergaria ao mercado ou à indústria discográfica. Não era possível mandar na Amália. O que ela fizesse seria sempre de acordo com a sua intuição, o seu gosto, a sua sensibilidade.
Este tempo não é para Divas?
Não há gerações mais talentosas que outras. Há muito boa gente a cantar, escrever, compor, tocar. Mas cada vez mais a indústria não quer casos singulares. Quer criar os artistas parecidos com... Os managers, os produtores, as editoras mandam mais na carreira dos artistas do que os próprios. Enquanto o sucesso estiver acima da arte, não vai haver espaço para artistas de exceção.
É o coração que o leva a escrever ou somente a observação?
Só sei observar com o coração. É por isso que escrevo.
Há saciedade depois da escrita?
Muito raramente. Acontece de vez em quando uma sensação de que o que se escreveu está certo. Não é que está bom. É apenas que está certo – Creio ser esse o maior prazer que conheço.
Gosta muito do Brasil. É um país sempre na corda bamba e no samba?
Por força do canto de Gal, Caetano, Simone, Chico, Bethânia, João, Ney e tantos outros também descobri em mim a singularidade de pertencer aquele país, àqueles sotaques. Aliás, os críticos dizem que eu sou bilingue de português-português.
O que traria do Brasil para cá se pudesse?
A vontade de superar as dificuldades, de sorrir na adversidade. Essa energia que me alimenta e desafia.
Que canção o comove?
Tantas!, A última que me levou às lágrimas foi ‘Yayá Massemba’. A Bethânia canta “vou aprender a ler pra ensinar meus camaradas” e eu desabo num pranto. Sempre que preciso de chorar ponho a tocar ‘Boulevard of Broken Dreams’, pela Marianne Faithfull. Não leva um minuto.
Acho que não! Um olhar de fora pode dar uma melhor perspetiva do que possa ser o fado.
Persiste como marca maior da nossa identidade?
Não sei falar pelos outros. Sei dizer que escutar fado e, acima de tudo, o canto de Amália é o que me dá maior convicção da singularidade de ser português.
Consegue decifrar Amália?
Amália é tão vasta, tão única que nem vale a pena tentar. Mas sempre que falo de outro cantor, português ou não, compreendo quais as qualidades que me fazem gostar dele: a afinação ou a intensidade, a inteligência do canto, o carisma… Somando todas as qualidades que um cantor pode ter, tem-se a Amália.
Continuaria a ser única num tempo de muitos e de múltiplas coisas?
A Amália nunca se vergaria ao mercado ou à indústria discográfica. Não era possível mandar na Amália. O que ela fizesse seria sempre de acordo com a sua intuição, o seu gosto, a sua sensibilidade.
Este tempo não é para Divas?
Não há gerações mais talentosas que outras. Há muito boa gente a cantar, escrever, compor, tocar. Mas cada vez mais a indústria não quer casos singulares. Quer criar os artistas parecidos com... Os managers, os produtores, as editoras mandam mais na carreira dos artistas do que os próprios. Enquanto o sucesso estiver acima da arte, não vai haver espaço para artistas de exceção.
É o coração que o leva a escrever ou somente a observação?
Só sei observar com o coração. É por isso que escrevo.
Há saciedade depois da escrita?
Muito raramente. Acontece de vez em quando uma sensação de que o que se escreveu está certo. Não é que está bom. É apenas que está certo – Creio ser esse o maior prazer que conheço.
Gosta muito do Brasil. É um país sempre na corda bamba e no samba?
Por força do canto de Gal, Caetano, Simone, Chico, Bethânia, João, Ney e tantos outros também descobri em mim a singularidade de pertencer aquele país, àqueles sotaques. Aliás, os críticos dizem que eu sou bilingue de português-português.
O que traria do Brasil para cá se pudesse?
A vontade de superar as dificuldades, de sorrir na adversidade. Essa energia que me alimenta e desafia.
Que canção o comove?
Tantas!, A última que me levou às lágrimas foi ‘Yayá Massemba’. A Bethânia canta “vou aprender a ler pra ensinar meus camaradas” e eu desabo num pranto. Sempre que preciso de chorar ponho a tocar ‘Boulevard of Broken Dreams’, pela Marianne Faithfull. Não leva um minuto.
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