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Luiz Goes

Fadistas - Actualizado em Setembro 20, 2012
Do tempo do discos gravados que rodavam 78 rotações por minuto até aos dias de hoje, Luiz Góes é, um dos mais representativos intérpretes da canção de Coimbra

A representatividade recolhe-a não só na herança tradicional coimbrã, mas, também, nos géneros que foi capaz de interpretar e aos quais conferiu um cunho muito particular, especialmente apreciado e dificilmente imitável. Até a sua capacidade de adaptação aos diferentes veículos de media, em Portugal e em numerosos países, conferiram a Luiz Góes uma dimensão que ultrapassa, em muito, as margens do Mondego.

O seu célebre disco Coimbra Quintet, gravado em Madrid para a Philips, conheceu pelo menos 15 edições, todas com capas diferentes e é, segundo os especialistas, o disco de fados e guitarradas de Coimbra mais vendido de sempre.

Luiz Fernando de Sousa Pires de Góes nasceu na cidade de Coimbra em 1933 e licenciou-se em medicina 25 anos depois. É, ainda hoje, um renomado médico estomatologista, profissão com a qual intercala a sua extensa e múltipla actividade de autor e intérprete de fados e baladas da cidade do Mondego.

As origens familiares em muito contribuíram para a formação artística de Luiz Góes. De facto, o cantor cedo se iniciou nas lides do fado por influência do tio paterno, Armando Góes, contemporâneo de Edmundo Bettencourt, António Menano, Lucas Junot, Paradela de Oliveira, Almeida d’Eça e Artur Paredes.

”Toda a minha família, sobretudo da parte do meu pai, se tinha dedicado mais ou menos ao canto e à execução de instrumentos de corda: o pai tocava viola, a mãe piano e o tio foi um dos nossos mais importantes cantores e compositores dos anos 20”, constata Luiz Góes.

Afonso de Sousa, um guitarrista e compositor que acompanhou frequentes vezes Artur Paredes, disse sobre o jovem e promissor Luiz Góes, comparando-o a Edmundo Bettencourt: ”Luiz Góes viria a revelar-se num dos mais brilhantes cantores que passaram por Coimbra, mas cujo fogo, alimentado que fosse para fora do ambiente tão propício à inspiração e à difusão, como o do Mondego, não lograria a glória a que se guindou. Num possível confronto com Edmundo Bettencourt - a quem aliás tanto admira - Luiz Góes não sairia diminuído”.

Com apenas 14 anos de idade, Góes já era tido na conta de um ”menino prodígio”, com honras de ser convidado e acompanhado por Artur Paredes, Afonso de Sousa e mesmo Francisco Menano, irmão mais velho de António Menano. Estas actuações precoces de Góes decorreram em festas e reuniões de convívio de antigos estudantes da velha academia coimbrã.

Mas a ideia de um Luiz Góes apenas ligado ao fado de Coimbra não resiste ao confronto nem com os números nem com os temas que o celebrizaram.
De facto, Góes é autor de 25 fados e de 18 baladas, de que se destacam Fado da Despedida, Toada Beira, Balada da Distância, Canção do Regresso, Homem Só, meu Irmão, Romagem à Lapa, É Preciso Acreditar, entre muitos outros.

Fado, toada, balada, canção. Luiz Góes, atravessou uniformemente os diferentes géneros da canção de Coimbra com um fio condutor: a sua voz inconfundível de barítono ao serviço de um conjunto de temas criteriosamente escolhidos ou criados.

Góes foi colega de José Afonso e de António Portugal no liceu D. João III, de Coimbra, e com eles chegou a integrar o conjunto de António Brojo, um artista de décadas anteriores que continuava a ser uma referência incontornável para as gerações mais novas e que pensavam a canção de Coimbra de uma forma mais evoluída.

No 7° ano do Liceu, Luiz Góes canta a sua primeira canção, Feiticeira, da autoria de Angelo de Araújo. Não mais pararia. Integra o Orfeão Académico, onde foi solista, a Tuna e o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra.

Após o serviço militar cumprido como alferes-médico na Guiné, Góes reinicia a sua carreira, entretanto já a viver em Lisboa, onde desempenhava a sua actividade clínica. E é nesta segunda fase da sua obra que vai ter a colaboração, embora sob pseudónimo, do guitarrista Carlos Paredes, mas, também, de João Bagão, António Andias, Aires de Aguiar e Jorge Tuna, enquanto que, à viola, recebeu os contributos de Fernando Alvim, Fernando Neto e Durval Moreirinhas.

Tendo gravado pela primeira vez em 1953, Luiz Góes apresenta um enorme conjunto de registos discográficos que o tornam num dos mais editados e conhecidos artistas de Coimbra.
Além de uma primeira participação televisiva em 1955, na televisão Paulista, do Brasil, Góes apresentou-se nas televisões de países como Espanha, França, Suécia, Áustria, Estados Unidos e África do Sul.

Luiz Goes faleceu no dia 18 de Setembro de 2012 em Mafra.


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Comentários
#1 alberto saraiva 2011-07-31 00:43 Na minha opinião Luís Goes foi o maior e melhor que passou por Coimbra.Possuidor de uma voz fora de série, sempre interpretou,eu digo o Fado de Coimbra com rigor e classe ímpar.Merece um monumento em Coimbra. Citação
#2 Luís Alberto Meneses de Almeida 2013-03-28 01:39 Luís Goes ligado à minha família por laços de camaradagem desde o liceu até aos bancos da faculdade de Medicina de Coimbra, através do meu Pai(seu colega em Medicina) e do meu Avô Paterno (seu professor de Pediatria) foi sem sombra de dúvida um grande cantor de Coimbra e um conimbricense de nascimento. Merece com todo o mérito que tem uma grande homenagem de Coimbra, através de uma estátua porque não seria pedir muito… Citação
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