Dulce Pontes volta aos discos depois de fugir do fado durante anos
Arquivo - Setembro 28, 2021


O Expresso assistiu a uma tarde de gravações com Ricardo Ribeiro, que ofereceu uma canção à nova amiga, e Yelsi Heredia, músico cubano que ajudou a produzir o álbum e não poupa elogios à portuguesa. “Ela é um tesouro”.
“Agora vamos explodir os dois.” Sentados no sofá do Atlântico Blue Studios, em Paço de Arcos, Dulce Pontes e Ricardo Ribeiro cantam um tema ainda sem título. A cumplicidade entrecantores é evidente: juntos, eles encontram caminhos, brincam, tiram uma selfie para a posteridade. Mas não só o dueto tocado à viola ainda não tem nome ('Valsa da Libertação', acaba o autor por batizá-la), como antes desta quente tarde de setembro Dulce Pontes e Ricardo Ribeiro não se conheciam. Pelo menos não pessoalmente, explica a cantora, que no final do verão encontrámos a dar os últimos retoques no seu primeiro disco em quatro anos. O sucessor de “Peregrinação”, de 2017, sairá ainda este ano e tem um único convidado: Ricardo Ribeiro, que à nova amiga ofereceu um tema “muito na linha do Zeca Afonso”, diz a nossa anfitriã.
Quanto à química que desde logo os uniu, ilustra: “Há uma irmandade de almas gémeas que sentimos logo. É uma sensação de pertença tão boa.” O entusiasmo é partilhado não só por Ricardo Ribeiro (“Como cantores, ambos temos ferramentas que não são vulgares, então é muito fácil trabalhar”) como por Yelsi Heredia, o músico cubano convidado para coproduzir o novo álbum de Dulce Pontes, em conjunto com a própria. “O Richie”, afirma, tratando o fadista pela alcunha que lhe deu e prontamente 'colou', “é um grande trovador, mas maior ainda é o seu coração e a sua entrega.” Em relação à cantora de 'Lusitana Paixão', com quem começou por trabalhar ao vivo, a emoção do produtor não é menor: “O que me espantou foi dizerem-me que tem fama de ser uma mulher difícil, quando trabalhar com ela tem sido um mar de rosas.”