Ardinas tão pequeninos
Que vindes da Madragoa
Quem vos fez, ainda meninos
Os mais belos bailarinos
Das ruas desta Lisboa?
Perguntei isto na esperança
Responderam-me os ardinas
Copiamos esta dança
Das nossas mães, as varinas
Que dançam desde criança
E lá marcharam os dois
Porque eram dois, os petizes
Cabelos em caracois
Olhos claros, felizes
Como alegres rouxinóis
Vi-os à noite, as silhuetas
Dos garotos, sob as luzes
Pareciam borboletas
Os jornais e as maletas
Eram asas suas cruzes