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Raul Ferrão

Músicos - Actualizado em Fevereiro 23, 2022
Ninguém diria, mas o compositor de algumas das mais populares e conhecidas canções, fados e marchas de Lisboa era... militar de carreira!

Passou a infância em Lisboa e Aveiro, ingressando no Colégio Militar (1901), onde aprendeu a tocar bandolim na tuna dessa instituição. Seguiu, tal como o pai, a carreira militar, tendo concluído a Escola do Exército (1914), onde foi professor auxiliar, participou ainda na I Guerra Mundial (Angola, até 1917). Passou à reserva em finais dos anos 40 e, seguidamente, foi professor de Órgãos de Máquinas e Metalo-Mecânica no Instituto dos Pupilos do Exército. Paralelamente à sua carreira militar, tirou o curso de Engenharia Química Industrial no Instituto Superior Técnico e exerceu funções como comandante da Oficina de Espingardeiros na Fábrica de Braço de Prata e como representante das Forças Armadas em feiras industriais realizadas no estrangeiro.

O seu primeiro casamento terá sido importante para a sua carreira musical, dado que a sua mulher (Lídia Esperança da Silva Azinhais Ferrão), professora de piano, o aconselhava no processo de composição. Em 1923, iniciou carreira como compositor para teatro, escrevendo canções para programas de variedades apresentados no Salão Foz (A Cantarinha, e.o.) e noutros teatros (Pompom, 1926). Em parceria com o escritor Álvaro Leal e com Angel Goméz (que lhe ensinou orquestração), começou a escrever para operetas e para o teatro de revista (c. 120 revistas conhecidas). Poucos anos depois, era um dos compositores mais requisitados para escrever “números” para este género, actividade que manteve quase até à sua morte.

Em parceria com vários compositores e escritores, como Raul Portela e Frederico Valério, Fernando de Carvalho, José Galhardo e Alberto Barbosa, compôs música para algumas das revistas de maior sucesso comercial apresentadas em Lisboa (A rambóia, 1928; O mexilhão, 1931; Pernas ao léu, 1934; Arre burro!, 1936; Lá vai Lisboa 1939; A marcha de Lisboa, 1941; Alto lá com o charuto, 1945, e.o.).

A partir de 1935, em parceria com o letrista Norberto Araújo, afirmou-se como um dos principais compositores de marchas populares (nas quais ensaiava e dirigia os cavalinhos), tendo escrito originais e, por vezes, arranjos de teatro de revista para esse evento.

A partir dos anos 30, com o advento do cinema sonoro, começou a compor para filmes (Canção de Lisboa, 1933; Maria Papoila, 1937; Rosa Engeitada, 1937; Aldeia da Roupa Branca, 1938; Varanda dos Rouxinóis, 1939; Capas Negras, 1947, para a qual escreveu uma das canções mais divulgadas dentro e fora do país: “Coimbra”, interpretada por Amália Rodrigues; Sol e Toiros, 1949).

Foi co-fundador e vice-presidente (1925-1952) da Sociedade dos Escritores e Compositores Teatrais (posteriormente Sociedade Portuguesa de Autores).

Alguns dos intérpretes que divulgaram a sua música foram Alberto Ribeiro, Beatriz Costa e Hermínia Silva. Foi um dos compositores que mais contribuiu para a configuração e divulgação do “fado-canção”. Preferiu formas com refrão, desenvolvendo melodias fluidas e de fácil memorização com suporte harmónico convencional (tónica-subdominante-dominante), denotando uma clara influência da música militar.

Foi agraciado com a Comenda da Ordem de Mérito Industrial (1932) e a Comenda da Ordem Militar de Avis (1935), assim como recebeu em 1945/1946 o Prémio Filipe Duarte do SNI por «Menina Lisboa» da opereta A Invasão (juntamente com José Galhardo e Mirita Casimiro) e em 1946/1947, o Prémio Del Negro por «Trapeiras de Lisboa» incluída na revista Canções Unidas, para além de em Coimbra existir uma Rua Raúl Ferrão.


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