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A origem do fado Anadia

José Joaquim Pereira Caldas era dono de um retiro e tinha um criado chamado Bitoque, bronco, mas boa pessoa, que dizia aos clientes "se tem pressa vá você buscar a comida. Eu não sou seu criado, sou criado do meu patrão".

Tem boas histórias este retiro José dos Pacatos, em meados do século xix, um pouco acima do que é hoje a Praça do Chile, na então chamada Estrada de Sacavém.

José Maria Pereira Caldas era afilhado de baptismo de D. José Maria de Sá Pereira Menezes Pais do Amaral, 4.o conde da Anadia, fidalgo tido e batido nas esperas de toiros que se faziam às portas de Lisboa. Conta Tinop que o conde era "um pândego de truz, gostando de fado mas não tocando guitarra nem cantando".

D. José Pais do Amaral tinha uma protegida de peso, a Cesária, fadista bem apessoada, bonita e de voz afinada. Não era sua amante, como a Severa do conde de Vimioso, era antes uma amiga que ele gostava de ouvir cantar e a quem protegia.

O 4.o conde da Anadia morreu aos 31 anos, em 1870, deixando três filhos e muita saudade nos que com ele privaram. Quatro anos depois, em 1879, o guitarrista José Maria dos Cavalinhos compôs um fado a que chamou Anadia, em sua homenagem. Cesária cantou-o e a música tornou-se um clássico.

Meio século depois, uma outra fadista e fidalga, D. Maria Teresa de Noronha, haveria de voltar a interpretá-lo de forma soberba. Será que Miguel Maria de Sá Pais do Amaral, 2.o conde de Alferrarede, homem de negócios, ex-patrão da TVI e campeão de automobilismo, alguma vez ouviu o fado composto há mais de um século e dedicado à memória do seu trisavô?


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