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Carlos do Carmo

Fadistas - Actualizado em Fevereiro 24, 2024
Falar de Carlos do Carmo é falar do que de mais genuíno e popular se canta nas ruas de Lisboa, quer seja um simples pregão de varina ou um esvoaçar de gaivotas do Tejo.

Carlos do Carmo nasceu em Lisboa. Filho de Lucília do Carmo (uma das maiores fadistas do século XX) e de Alfredo de Almeida, livreiro e posteriormente empresário na indústria hoteleira. Pode dizer-se que Carlos do Carmo foi criado no meio de uma atmosfera artística. A casa de seus pais, na parte velha da cidade, Bairro Alto, era um lugar de reuniões de intelectuais e de artistas, algumas das figuras proeminentes da Lisboa de então. Carlos do Carmo iniciou em 1963 uma das carreiras mais sólidas no panorama artístico português, para a qual contribuiu a sua coragem de assumir o Fado no masculino e também o facto de trazer para o Fado novos elementos: contrabaixo e formação com orquestra, entre outros e ainda novos talentosos compositores, bem como a poesia e a prosa de grandes poetas e escritores contemporâneos portugueses. Por tudo isto, são inúmeros os prémios e honrarias recebidos até hoje (em anexo, destacam-se os mais relevantes).

Falar de Carlos do Carmo é associar o seu nome ao que de mais genuíno e popular se canta nas ruas de Lisboa, quer seja um simples pregão de varina, um esvoaçar de gaivotas do Tejo ou uma festa popular com sardinha assada. Na sua voz, andam também de mãos dadas a saudade, os amores não correspondidos, a solidão, a primavera com andorinhas e os "putos" deste Portugal e ainda a esperança e o futuro.

Carlos do Carmo é acarinhado por um público que o respeita e estima, apreciando nele, além das suas qualidades de grande intérprete e comunicador, as de um homem interessado na evolução da música da sua terra, acreditando na evolução do homem na sua globalidade. Os seus mais de um milhão de discos vendidos são prova inequívoca disso mesmo.

Os seus recitais para a televisão fazem parte do arquivo histórico do Fado, reconhecidos que são pela sua elevada qualidade e pelo sentimento inovador que cada um deles transmite. "Por Morrer uma Andorinha", "Duas Lágrimas de Orvalho", "Bairro Alto", "Gaivota", "Canoas do Tejo", "Os Putos", "Lisboa Menina e Moça", "Estrela da Tarde" são alguns dos grandes sucessos populares da sua carreira.

Cantou nos cinco continentes e as suas passagens no "Olympia" em Paris, nas óperas de Frankfurt e de Wiesbaden, no Canecão de Rio de Janeiro, no "Savoy" de Helsínquia, no Auditório Nacional de Madrid, no Teatro da Rainha em Haia, no teatro de São Petersburgo, na Place des Arts em Montreal, no Tivoli de Copenhaga, no Memorial da América Latina em São Paulo e mais recentemente no Teatro D. Pedro V em Macau (com transmissão em directo para toda a China) são momentos muito altos da sua carreira. Os concertos no Mosteiro dos Jerónimos, na Fundação Gulbenkian, no Casino Estoril, no Centro Cultural de Belém, na Casa da Música, na Torre de Belém e no Coliseu dos Recreios de Lisboa fazem a diferença a nível nacional, pelo conceito que lhes foi dado, sempre em prol da evolução do Fado.

Em 2003, aquando dos seus 40 Anos de carreira, Carlos do Carmo apresentou-se no Coliseu dos Recreios de Lisboa.

Sobre este concerto, Rui Vieira Nery escreveu: É bom vê-lo e ouvi-lo assim, passados já os sessenta anos, com esta sabedoria de quem mergulha numa tradição de que é um pilar fundamental, mas se afirma ao mesmo tempo, a partir dela, como o mais consistentemente experimental dos jovens fadistas portugueses.

De especial importância, foi o reconhecimento da carreira deste grande Homem, não só como fadista, mas também pela sua importância como homem e cantor no Fado, na música portuguesa, para Portugal e para o Mundo, feito pelo Museu do Fado, através de uma exposição intitulada "Um Homem no Mundo", que decorreu de 15 de Outubro de 2003 a 15 de Fevereiro de 2004.

No final de 2006 a Raymond Weil, prestigiada marca mundial de relógios distinguiu Carlos do Carmo, com a edição especial de um relógio de ouro de homenagem ao fadista, cujo o resultado económico elevado foi atribuído à Casa do Artista.

Em 2007 o jornal "Público" contou com a participação de Carlos do Carmo para a edição das colecções "Poemas da minha vida ".

Nesse mesmo ano é editado o disco "À Noite", que chegou ao grande público exclusivamente através da distribuição na Revista Visão e no Jornal Público, onde o Fadista cantou poemas de personalidades como Júlio Pomar, Nuno Júdice, Luís Represas ou Maria do Rosário Pedreira, sob composições de três dos grandes nomes lendários do Fado: Alfredo Marceneiro, Joaquim Campos e Armandinho. Rapidamente os discos se esgotaram nas bancas, o que levou a que a Universal Music Portugal, a sua editora discográfica, reeditasse o álbum para as lojas de todo o país.

Com todo o empenho Carlos do Carmo esteve envolvido no filme "Fados", de Carlos Saura, do qual foi o consultor. Recebeu um prestigiado galardão do cinema espanhol, com a atribuição do Prémio Goya de "Melhor Canção Original" para o tema "Fado da Saudade". O tema é incluído na reedição de "À Noite", bem como "Fado Tropical".

No ano seguinte comemoram-se os 45 Anos de Carreira do Artista. O primeiro dos concertos de aniversário teve lugar no Casino do Estoril, a 3 de Outubro, no qual o artista homenageou alguns dos músicos com quem partilhou os palcos ao longo da sua carreira: António Victorino d'Almeida, o espanhol António Serrano, José Maria Nóbrega, Joel Pina, José Fontes da Rocha e a Orquestra Sinfonietta de Lisboa foram alguns dos músicos que acompanharam Carlos do Carmo nesta noite tão especial, com direito a placa comemorativa e tudo.

O segundo grande acto comemorativo dá-se com a edição do seu primeiro "best of". "Fado Maestro" chega às lojas em formato CD/DVD, tendo as vendas disparado de imediato. Fados intemporais como "Lisboa Menina e Moça", "Os Putos", "Canoas do Tejo", "Por Morrer Uma Andorinha" ou "Um Homem na Cidade" são registados numa compilação de excelência. A edição especial do CD conta também com o documentário "O Fado de Uma Vida" , realizado por Rui Pinto de Almeida. A história da vida e da carreira de Carlos do Carmo contada através do próprio e de testemunhos de quem fez e faz parte da sua carreira. Neste DVD estão incluídos ainda 10 temas ao vivo, quatro gravados em Frankfurt e os restantes gravados em Lisboa.

O terceiro e último grande acto traduz-se numa super produção no Pavilhão Atlântico, em Lisboa. No dia 29 de Novembro Carlos do Carmo sobe ao palco da maior sala de espectáculos do país para uma noite que ficará na memória de cerca de 11.000 pessoas. Camané, Mariza, Carminho, Gil do Carmo, Bernardo Sassetti, a galega Maria Berasarte e a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, dirigida pelo Maestro Vasco Pearce de Azevedo, foram os convidados especiais do artista para partilharem um dos pontos mais altos da sua carreira.

Carlos do Carmo integra actualmente a equipa coordenadora da candidatura do Fado a Património Mundial e é consultor da série televisiva "A História do Fado". Tem dado um enorme incentivo aos jovens que o procuram para aprofundar a investigação dos seus estudos sobre este tema, estimulando-os a escrever sobre o Fado.

Carlos do Carmo faleceu no dia 1 de Janeiro de 2021 no hospital de Santa Maria, em Lisboa. Tinha 81 anos.



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Comentários
#1 JoaoMenezes 2009-10-10 12:26 Esqueceram-se aqui de referir o seu enorme exito "Estranha Forma de Vida"! É que estou a ver o RTP Memória e fiquei a saber pela voz do próprio que quando a Amália o gravou não foi um sucesso, mas que o foi quando ele o o gravou, "passando de manhã, à tarde e à noite"… Citação
#2 João Manuel Correia de Assunção 2011-01-24 20:41 Não se morre de saudade, Por morrer uma andorinha, E a saudade aconteceu… Meu Deus quantos mais e todos lindos. Por falar em saudade, é uma pena que Carlos do Carmo venha tão pouco ao Brasil e ao Rio em particular. Um forte abraço e parabéns pelo vosso trabalho em prol do fado. Citação
#3 Francisco Sampaio 2012-04-18 15:58 Estou-me a lembrar do fado "Por morrer uma andorinha", cantado primeiramente pelo Francisco Stoffel, que morreu aos 22 anos, e que Carlos do Carmo cantou, sem nunca referir quem o tinha cantado primeiro… Citação
#4 frank2019 2024-02-24 22:23 Citando JoaoMenezes:
…o seu enorme exito "Estranha Forma de Vida… fiquei a saber pela voz do próprio que quando a Amália o gravou não foi um sucesso, mas que o foi quando ele o o gravou…

Carlos do Carmo no estilo a que nos habituou… que foi o de sempre menosprezar Amália e em contrapartida superiorizar-se a si próprio… em vão… pois Amália de onde está já ninguém a tira!
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