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Sabores do Fado compilados em livro

Arquivo - Abril 11, 2007
Sublinhando a importância da gastronomia na cultura popular e, em particular no fado castiço, este livro galardoado com o prémio Gourmand, oferece-nos um conjunto de receitas tipicamente portuguesas.

Da ginjinha da Mariquinhas às quentes e boas de Ary dos Santos, o repertório fadista é um cardápio de iguarias nacionais e algumas de além-mar, como a cocada e goiabada de Amália no «Fado Xuxu».
Diana Mendonça investigou durante um mês no Museu do Fado repertórios fadistas de Amália, Mariana Chagas, Quinita Gomes, Berta Cardoso, Carlos do Carmo, Maria Amélia Proença, entre outros, onde encontrou letras com sugestões gastronómicas.

Das entradas e sopas como pastéis de bacalhau, celebrados no fado Cruz Quebrada ao caldo verde de Reinaldo Ferreira cantado por Amália em «Uma casa portuguesa», o livro «Receitas de fado», editado pela 101 Noites, é uma ementa de pratos de peixe, carne, sobremesas e bebidas. “O fado esteve sempre ligado a casas onde se comia e bebia, além dos piqueniques que se faziam nas hortas”, explicou a investigadora.

“Ao repasto, como se dizia outrora, presidia um espírito de tertúlia e cantava-se o fado, muitas vezes em louvor a um bom prato”, disse. Este espírito é caracterizado no fado «Fidalgo e boémio» de Carlos Conde, uma criação de Maria Amélia Proença, onde se afirma que “naquele típico almoço” alguém escreveu uns versos que a fadista cantou “com devoção”.
Entre os pratos de peixe refira-se o bacalhau assado do fado «Vamos para a farra» onde Carlos Conde faz menção ao prato comido em Odivelas, o peixe frito com salada no «Elogio do fado» de José dos Santos, ou a caldeirada de «Como o fado era diferente» de António Vilar da Costa, cantado por Maria José da Guia.
Iscas com elas, do «Fado dos Cheirinhos» de José Carlos Ary dos Santos, cantado por Carlos do Carmo, pato de cabidela do fado homónimo de autor desconhecido, cantado por Teresa Nunes e Filipe Pinto, são dois dos pratos da lista de carnes.
Entre as sobremesas encontramos castanhas assadas, pão-de-ló, pastéis de nata, folar, farturas e pastelinhos de côco, celebrizados por Berta Cardoso no fado «Mais contradições», de Armando Neves.
Acrescenta-se a esta lista o exotismo brasileiro da cocada e da goiabada, cantadas por Amália no «Fado Xuxu», de Amadeu do Vale e Frederico Valério, composto pouco depois da primeira ida da fadista ao Brasil, em meados da década de 1940.
Completam a ementa as bebidas, vinho, água-pé e ginjinha, referidas em fados de Pedro Figueira, Mascarenhas Barreto e Alberto Janes, respectivamente.

Além das letras completas dos fados, com referência ao seu autor e o fadista que a criou, a investigadora incluiu a respectiva receita culinária. Carlos Conde é o poeta mais citado, com seis fados, incluindo o irónico e divertido, «Fui enganada», com que abre o livro e onde se relata a história de uma mulher que afirma: «Casei-me não sei p’ro quê!/Ele não mexe uma sopa,/Não frita, não faz puré,/Não cose nem lava a roupa», do repertório de Maria Amélia Proença. José dos Santos assina três e Armando Neves e Ary dos Santos, dois cada um, havendo também dois fados de autor desconhecido.

Diana Mendonça não é uma estreante nestas lides. Anteriormente escreveu «Receitas de Ópera» e «Receitas dos contos de fadas de Hans Christian Andersen» com os quais venceu o Prémio Gourmand World Cookbook, uma proeza que repetiu com a apresentação do «Receitas de Fado», em Perigeux (Noroeste de França) no Salão do Livro Gourmand.


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