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Amália - O filme

Discos - Janeiro 12, 2009
Valentim de Carvalho Filmes / 2009
Amália, simples como o é o mito, dá a conhecer a mulher por detrás da fadista-caravela que acenou Portugal ao mundo num lenço bordado a claves-de-sol e a mar.

A narrativa estilo in media res, desta que é a primeira produção da Valentim de Carvalho Filmes, segue a diva numa noite de 1984, em Nova Iorque, onde uma Amália velha, recorda, então, uma vida inteira de memórias íntimas.

Primeiro, uma pequena Amália (Ana Contente) lavadeira de tanques, que conhece a precoce separação dos pais, a pobreza, a marcada indiferença e o desprezo da mãe (Ana Padrão) pelo seu dom vocal. Segue-se a morte da sua irmã Aninhas e o início da vida adulta, temperada com o misto de entreajuda e ciúme da irmã Celeste (Carla Chambel) e com a paixão pelo guitarrista amador Francisco Cruz (José Fidalgo), que marca o início do seu sucesso local e nacional e a sua falta de sorte para o amor em todo o mundo.

Depois, então, de um casamento falhado, Amália vive uma fase de maturação artística que vive paredes meias com o amante Eduardo Ricciardi (Ricardo Pereira), um playboy do ténis e da alta sociedade que se envergonha das raízes plebeias da fadista, e com o banqueiro casado Ricardo Espírito Santo (António Pedro Cerdeira), que morre repentinamente, a meio do idílio, levando Amália a afogar a solidão nas lágrimas e no casamento por simpatia com outro dos seu inúmeros pretendentes, o brasileiro César Seabra (Ricardo Carriço).

Mais do que profissionais e sentimentais, as memórias de Amália aparecem atadas às várias tentativas de suicídio, às conotações políticas com o regime de Salazar e às referências, ainda que leves, às suas amizades poéticas e perigosas com Natália Correia (Carla Sá) e Ary dos Santos (João Didelet). Pelo meio, a detecção de um tumor que a atormenta e lhe faz tremer a voz com medo das luzes do palco… Com excepção da brilhante e apoteótica actuação em pleno Coliseu dos Recreios e em pleno fogo cruzado da Revolução de Abril.

Desta biografia ficcionada (ou não) de Amália, são pontos menos fortes Ricardo Carriço, que não convence com o seu sotaque brasileiro forçado; a aparição estranha da israelita, judia ou muçulmana (não se entende bem) grávida e fã de Amália, em pleno mercado de frutas brasileiro, que percorreu o mundo inteiro para ver a diva portuguesa; a caracterização da Amália velha que, acreditam alguns telespectadores da película, de tão artificial assemelha-se, por vezes, à de um travesti; assim como as nem sempre bem conseguidas sobreposições de som e imagem advindas do playback que recai obrigatoriamente sobre a protagonista.

Mas vale a surpresa do excelente desempenho de Sandra Barata Belo e a não menor coragem de Carlos Coelho da Silva, que depois do desafio queirosiano de O Crime do Padre Amaro, em 2005, se atreveu, três anos depois, a ir desenterrar a voz de todo o povo.

«Quando eu morrer vão inventar muitas histórias sobre mim, se inventaram sobre a severa e não se sabe se ela existiu...» Amália Rodrigues
Bruna Pereira


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