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Ricardo Ribeiro - Porta do Coração

Discos - Abril 04, 2010
EMI Music / 2010
O Fado de Ricardo Ribeiro é feito de contradições. Daquelas boas contradições que num artista menor seriam fatais porque se revelariam desconexas ou incoerentes...

Mas que num grande intérprete representam antes um equilíbrio complexo e delicado de múltiplas dinâmicas que se vão entrecruzando para tecerem uma teia fina e encantatória de sentidos e afectos. Daquelas contradições que desafiam sempre as leituras simplistas, os clichês de rotina, os rótulos fáceis.

O Fado de Ricardo Ribeiro é um Fado inteligente, de alguém que reflectiu maduramente naquilo que está a cantar, que meditou sobre a forma das melodias e dos textos, que identificou os pontos expressivos essenciais, os apoios rítmicos da acentuação, as palavras que têm de ser encadeadas num único fôlego e aquelas que têm de ser emolduradas pelo silêncio, os momentos de explosão emocional e os de interioridade discreta. Mas é ao mesmo tempo um Fado instintivo, apaixonado, em que essa reflexão prévia serve apenas para canalizar um fogo interior que irrompe como uma labareda aparentemente descontrolada mas que vem arder, sem com isso perder a sua intensidade, ao longo de um percurso sempre lucidamente dominado.

O Fado de Ricardo Ribeiro é um Fado antigo, com uma linhagem assumida com orgulho nos grandes mestres do passado – Marceneiro e Maurício, em particular –, mas que sabe aprender com eles da forma mais lúcida e mais respeitosa, que é a de nunca os tentar imitar mas de antes compreender a verdadeira essência do que foi a sua grandeza e reproduzir hoje o que foi o seu percurso de constante descoberta. Por isso, é um Fado sempre novo, em que a revisitação do repertório clássico se faz a cada momento com novos olhares, novas perplexidades, novas interrogações, novas respostas, novos riscos.

O Fado de Ricardo Ribeiro é um Fado popular, cheio de raízes nas memórias da “gente miúda” de Lisboa de que já falava Fernão Lopes, com ressonâncias mouras, negras e ciganas a pairarem sobre preces de marinheiros e pregões de varinas. Mas é também um Fado nobre, austero, solene, trágico, que marca inequivocamente a presença de um grande Artista e de um grande Senhor.”
Rui Vieira Nery


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