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"Fado vem do coração". Esta casa é portuguesa, com certeza

News - Agosto 13, 2022
Quando apareceu verdadeiramente, não sabemos. Sabemos apenas que antigamente se transmitia de geração para geração e que hoje em dia enche o coração e o pulmão a milhares de portugueses.

Mas talvez também não saiba, que a primeira escola de fado nasceu em Marvila, na Associação Cultural o Fado. Ou que Ana Moura saiu daqui. Ou que é aqui que crianças com nove anos aprendem a cantar fado. Curiosos, passamos uma noite a ver, a sentir e a escutar o fado português.

Quando pensamos em fado, a primeira coisa que nos vem à cabeça são os típicos bairros portugueses, como Mouraria ou Alfama. Mas é também verdade (e provavelmente pode não saber) que a primeira escola de fado não apareceu por ali, mas sim no n.º2 da Rua Luiz Pacheco, em Marvila, muito perto da estação de metro de Chelas. 

“A A.C.O.F. [Associação Cultural o Fado] nasceu em 1992. Temos aquilo que nos dá alegria, que é a escola de fado e que já deu grandes valores à canção nacional, como a Ana Moura, e depois todos os sábados a Associação dá uma noite de fados e tertúlias ao domingo”, contou Adriano Santos – Presidente da Associação -, segundos antes de nos chamarem: “Gente, já falam! Vão começar os fados!”.

"O fado é o sentimento português. É um amor que nos agarra à terra"

É no restaurante da Associação que todos se juntam e os vários fadistas enchem os pulmões para impressionar a clientela. Se primeiro quem começou a cantar foi um homem na casa dos 50, a seguir já foi um com 83 e depois uma menina com 13 anos, Mariana Silva. Quando dizemos que alguém tem um ‘vozeirão’? É o caso desta pequena adulta, que mal abriu a guelra, tudo se calou, sentindo o fado como poucos sentem. Apadrinhada pelos fadistas Filipa Cardoso e Miguel Ramos, tem lugar marcado nas noites da Associação mas já pisou outros palcos, como o do Fora de Moda, em Alfama.

Mas o que isso de se sentir o fado? “É quando a pessoa sente. O fado é o sentimento português. O sentimento do fado é sentirmos que somos portugueses. É um amor que nos agarra à terra, é o meu chão”, respondeu prontamente Luís Martins de Paiva, também dos quadros da Associação. Mas para Poupinha Ramos (antigo funcionário do Ministério da Justiça), o fado é nada mais nada menos do “que uma forma de dizer poemas. Poemas que se podem dizer de mil e umas maneiras”.

Num tom mais envergonhado, talvez por ser mais nova nestas andanças – tem também 13 anos como Mariana – Ana Silva não sabe definir tão precisamente este conceito: “Não sei explicar… Eu gosto de cantar e, quando canto, sinto-me bem”. A mesma dificuldade sentiu Mariana: “O fado vem do coração e não há palavras para descrever o que sentimos”.

Jovem ou velho, é preciso é "ter alma"

“Aqui as crianças aprendem fado a partir dos nove anos. Nas aulas, como voz, temos o Carlos Oliveira e um grande viola, o Carlos Fonseca. A turma é constituída por 19/20 pessoas. Hoje em dia, o fado faz-me lembrar o futebol. [Os miúdos] Eram daqueles bairros mas hoje são grandes jogadores. Já sabem o que querem e depois está lá um professor para ensinar o compasso da coisa”, explicou o presidente Adriano.

Mas seja qual for a idade, o que basta, é ter “sentimento”, fez sobressair Poupinha. “Tenho visto aqui pessoas a cantar fado com muito pouca voz mas que têm uma grande alma. E tenho escutado ‘vozeirões’ que são completamente desagradáveis”, finalizou, não resistindo a cantar-nos um fado com um poema de Cesário Verde.


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