Jaime Santos
Músicos - Actualizado em Março 24, 2016
De seu verdadeiro nome Tiago dos Santos, nasceu na freguesia de Santa Engrácia, Alfama, Lisboa, em 1 de Julho de 1909.
Filho
de gente humilde, a sua familia revelara já algumas vocações musicais,
entre elas a do avô materno, Manuel dos Santos (Manuel Jardineiro), que
tocava guitarra e cantava o Fado.
Aprendiz
de marceneiro aos 12 anos de idade, já dava os primeiros passos na
viola, bandolim e violino, em festas populares e sociedades recreativas.
Dedicou-se
mais à viola, acompanhando, entre outros, os guitarristas José Marques
(Piscalareta), Fernando de Freitas, Gonçalves Dias e Bento Camacho.
Porém,
foi a guitarra o instrumento que mais o entusiasmou e cuja aprendizagem
iniciou em segredo, tendo como referência, entre outros, o grande
guitarrista Armandinho por quem tinha uma enorme admiração, e com o
qual manteve uma saudável amizade até à morte deste.
Casou
com uma das filhas (Ofélia) de Georgino de Sousa, violista de
Armandinho, tendo sido este quem o incentivou a trocar a viola pela
guitarra e o lançou como guitarrista, integrando-o no seu conjunto de
guitarras e violas (1937/1938).
Acompanhado pelo violista Miguel Ramos, substituíu Casimiro Ramos, estreando-se no Café Luso (Avenida da Liberdade, 1939 /1940).
Seguiu-se
o Retiro da Severa, onde passou a actuar alternadamente com a famosa
parelha Armandinho e Santos Moreira, estabelecendo-se então uma
saudável rivalidade entre os dois guitarristas: o veterano Mestre e o
jovem virtuoso. No entanto, isso não afectou a sua amizade com
Armandinho, muito pelo contrário, chegando este ao ponto de considerar
Jaime Santos como uma das maiores revelações da guitarra.
Em
1944, foi convidado a fazer parte do Conjunto Português de Guitarras,
de Martinho da Assunção, de que também faziam parte António Couto
(guitarra), Alberto Correia (baixo) e o próprio Martinho da Assunção
(viola). Mais tarde, António Couto foi substituído por Francisco
Carvalhinho, entrando também Fernando Potier (piano).
No
início da carreira internacional de Amália Rodrigues (por volta de
1945), foi ele que a acompanhou em espectáculos por Portugal inteiro,
Estados-Unidos, México, e outros mais, até ao ano de 1955, tendo
participado com ela, no filme "O Fado" (1947), e na produção
francesa,"Les Amants du Tage" (1954).
Além disso, protagonizou ainda
com Amália uma curta metragem de Augusto Fraga, que tomou como base
para esse trabalho o famoso quadro do pintor José Malhôa dedicado ao
Fado - naquele que pode ser considerado, em linguagem contemporãnea,
como o primeiro "vídeoclip" da história do Fado.
Jaime
Santos foi um inspirado compositor de melodias de Fado e de guitarra,
tendo trabalhado em conjunto com grandes nomes da poesia popular, tais
como João Linhares Barbosa, Francisco Radamanto, Frederico de Brito e
muitos outros.
Alguns desses fados tornaram-se verdadeiros clássicos,
interpretados por algumas das maiores vozes fadistas: Carlos Ramos,
Fernanda Maria, Manuel de Almeida, Lucília do Carmo, Estela Alves,
Fernanda Peres, Carlos do Carmo e a já citada Amália, entre muitas
outras.
Deixa
uma profícua discografia de instrumentais, quer em 78 rpm (com Alfredo
Mendes), quer em LP (com José Maria Nóbrega, Francisco Perez, Joel Pina
e Martinho da Assunção). Foi o principal guitarrista de algumas das
melhores casas de fado lisboetas: "A Toca" (de Carlos Ramos), " O Faia"
(de Lucília do Carmo), "Lisboa à Noite" (de Fernanda Maria), "Adega
Machado" (de Armando Machado), "A Tipóia" (de Adelina Ramos), "Adega
Mesquita", "Luso", e tantas outras.
Alguns
monstros sagrados da música internacional admiraram a sua arte como,
por exemplo, o cubano Xavier Cugat, que o convidou para fazer parte da
sua orquestra, e o lendário Louis Armstrong.
Atribui-se-lhe
a invenção das "unhas postiças", como alternativa às unhas naturais,
por questões de resistência e sonoridade, tornando-se numa
característica indispensàvel a todos os guitarristas, até aos dias de
hoje.
A partir de 1963 começou a construir e a tocar os seus próprios instrumentos.
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