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“O Tejo faz-nos partir, Lisboa faz-nos voltar” - IX Festival de Fado de Castilla y León

Concerts - Agosto 01, 2011
“O Tejo faz-nos partir, Lisboa faz-nos voltar”, diz o verso, diz a chamada da rua onde mora, o bairro, a sua casa, as suas gentes; ali... em Lisboa.

IX Festival de Fado de Castilla y León - Zamora - 27 a 29 Julho

Um bonito fado, que ouvi cantar várias vezes a Vicente da Câmara, expressa muito bem algumas vivências dos conquistadores, navegantes e descobridores portugueses de outrora, repetidas agora nas saudades de qualquer emigrante actual, que anda pelo mundo com a paixão da sua terra agarrada ao coração. “O Tejo faz-nos partir, Lisboa faz-nos voltar”, diz o verso, diz a chamada da rua onde mora, o bairro, a sua casa, as suas gentes; ali, em Lisboa.

Pois algo assim também pode sentir o zamorano que vive fora de sua terra, do seu “Duero”, do seu Douro, do seu “rio de ouro”, que o empurrou e o levou para longe ou perto, porém distante da sua origem. E recorda-o sempre quando regressa, que deverá partir novamente para ganhar a vida por aí, para seguir seu caminho. Assim é. Pois assim é também como Zamora canta para fazer ouvir a sua reclamação, pedindo a sua dose de sentimento, de revisita, de reencontro. E se, ao longo desse rio há fado ao anoitecer, nem mais nem menos, nas velhas ruínas góticas do convento de San Francisco, então… Então o chamamento da terra se transforma em feitiço, quase como um céu em forma de arpejos, trinares e notas de guitarra e de vozes preenchidas com a saudade e a magia do fado.

Cada ano, desde há nove, se repete a festa da poesia e da música portuguesa. Desta vez foram as fadistas Filipa Cardoso e Célia Leiría quem, acompanhadas por Pedro Amendoeira na guitarra portuguesa, Pedro Pinhal na viola de fado e Paulo Ramos na viola baixo, ofereceram um repertório de fados clássicos no crepúsculo dos jardins da Fundación Rei Afonso Henriques, junto ao Douro, nestas quinta e sexta-feira últimas de julho. Assim soaram esplendidamente “Amendoa amarga”, “Ser fadista” ou a marcha “Lisboa garrida”, entre outras.
Há que dizer que o Festival de Fado de Castilla y León, Zamora, bem como na vila de Montemor noutro famoso fado, “é praça cheia” (“es plaza llena”, em referência às touradas das festas dessa localidade Alentejana); em Zamora, os jardins da Fundación preenchem-se. Em Zamora há “afición” e à cidade acorrem amantes do fado de outros lugares, porque geralmente aqui encontram bom fado num ambiente característico.

A última noite da edição deste ano, a de sexta-feira, esteve dedicada ao conhecido músico da guitarra portuguesa Custódio Castelo, acompanhado da guitarra clássica de Carlos Garcia, que interpretaram vários temas instrumentais de sua autoria, de Carlos Paredes e outros, entre os quais apenas um, umas “Variações”, era fado. O mesmo aconteceu com o desempenho da cantora convidada que trouxeram, Cristina Maria, que cantou muito bem, com uma bonita voz envolvida numa encenação artistica e muita simpatia, uma série de baladas, portuguesas, mas apenas dois fados, “Maldição” estilado de uma maneira própria e “Foi Deus” este último no “encore”.
Outro éxito e a esperar pela X edição, se Deus quiser – como disse Graça Silva, a representante dos artistas - que nos dirigiu umas bonitas palavras num português pronunciado com todas as sílabas, o que equivale a dizer perfeitamente compreensível mesmo para aqueles que não têm aulas do idioma vizinho que se ensina na Fundación.
Ángel García Prieto
Fotos: Javier García Prieto
Tradução e adaptação: Portal do Fado



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