Célia Leiria: "O fado é o meu destino"
Interviews - Dezembro 05, 2011
Há dez anos que vive em exclusivo do fado mas só agora decidiu lançar o primeiro CD. "Caminhos" é uma edição de autor com 13 temas que vai ser lançado este domingo no Teatro Sá da Bandeira, em Santarém.
O espectáculo esgotou por isso Célia Leiria vai actuar novamente na
noite de segunda-feira no mesmo local. Lamenta que as editoras
portuguesas não apostem em fadistas portugueses menos conhecidos do
grande público.
Quando é que descobriu que tinha voz para ser cantora?
O meu pai e o meu avô já cantavam e eu ia com eles às noites de fado aqui da região. Tinha quatro anos. Mais tarde, aos nove anos, aborreci-me com o fado, adormecia, achava chato e deixei de ir. Disse ao meu pai que não queria cantar.
Quando é que fez as 'pazes' com o fado?
Aos 14 anos pedi ao meu pai para ir a uma noite de fados com ele e pedi-lhe para cantar. Ele estranhou e perguntou-me se me lembrava de alguma letra. Eu respondi que sim e lá fui eu. Cantei "O Amor é Louco" e nunca mais deixei o fado.
Quando é que decidiu que queria ganhar a vida a cantar?
A partir dos 14 anos fui cantando com regularidade pelas noites de fado que se realizavam na região. Entretanto conheci o fadista Carlos Zel numa noite de fados em casa da actriz Sílvia Rizzo, na Golegã, e ele convidou-me para o espectáculo "Quartas de Fado" no Casino Estoril. A partir daí que decidi que queria fazer do fado o meu modo de vida.
Foi um risco bem medido começar a viver só da música?
Medi bem todas as minhas decisões mas este é um emprego inconstante. Hoje podemos ter trabalho e amanhã já não. Foi um risco que resolvi assumir. Umas vezes é fácil outras nem por isso.
Vai lançar o seu primeiro CD - que será apresentado este domingo e segunda-feira no Teatro Sá da Bandeira em Santarém - que é uma edição de autor. Porquê?
Há muitos fadistas que tiveram que editar os seus primeiros discos no estrangeiro. A Mariza, Cristina Branco, Celeste Rodrigues. As editoras portuguesas não apostam nos fadistas portugueses que estão a começar, que querem editar um disco e ainda não são conhecidos do grande público. Infelizmente acho que em Portugal funciona muito o factor 'cunha' para se conseguir que as produtoras apostem nos seus trabalhos e não pelo valor que as pessoas têm.
Começou a sua carreira artística há uma década. Porquê só agora um trabalho discográfico?
Se fosse para gravar por gravar já o tinha feito há uns anos, mas defendo que um disco é uma coisa que nos acompanha sempre e deve ser feito no momento certo. Tinha que ser algo mais maduro e com conhecimento fiel daquilo que queria.
O fado tem conhecido nos últimos anos muitas caras novas que se tornaram protagonistas. O fado voltou a estar na moda?
Talvez. Pelo menos fala-se mais e apareceram novas vozes jovens que conseguem 'agarrar' os jovens. E eles começam a achar giro. Felizmente há cada vez mais gente jovem, com valor, a começar a cantar o fado.
O fado foi considerado, recentemente, pela Unesco Património Imaterial da Humanidade. Isso deve-se a esta nova geração de fadistas?
Não. Esta consagração já vem de trás. Temos que agradecer a fadistas como Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Celeste Rodrigues, Maria Amélia Proença, Maria da Nazaré, entre outros, que trouxeram o legado do fado até aos nossos tempos.
Esta distinção é importante para os fadistas?
Acho que sim, sobretudo a nível mundial porque as pessoas vão começar a respeitar e a ouvir o fado de outra forma. As pessoas vão perceber que afinal o fado não é apenas uma cantiga de um povo e começa a ser mais representativo lá fora.
O fado é o seu destino?
Tenho a certeza que sim. É o que quero fazer. Fiz um disco agora porque decidi estar na altura de registar o que tenho vindo a fazer nos últimos anos e também porque gosto daquilo que faço. Mas, infelizmente, neste meio acho que as pessoas andam numa de competição e eu não ando aqui para competir com ninguém. O Mirante
Quando é que descobriu que tinha voz para ser cantora?
O meu pai e o meu avô já cantavam e eu ia com eles às noites de fado aqui da região. Tinha quatro anos. Mais tarde, aos nove anos, aborreci-me com o fado, adormecia, achava chato e deixei de ir. Disse ao meu pai que não queria cantar.
Quando é que fez as 'pazes' com o fado?
Aos 14 anos pedi ao meu pai para ir a uma noite de fados com ele e pedi-lhe para cantar. Ele estranhou e perguntou-me se me lembrava de alguma letra. Eu respondi que sim e lá fui eu. Cantei "O Amor é Louco" e nunca mais deixei o fado.
Quando é que decidiu que queria ganhar a vida a cantar?
A partir dos 14 anos fui cantando com regularidade pelas noites de fado que se realizavam na região. Entretanto conheci o fadista Carlos Zel numa noite de fados em casa da actriz Sílvia Rizzo, na Golegã, e ele convidou-me para o espectáculo "Quartas de Fado" no Casino Estoril. A partir daí que decidi que queria fazer do fado o meu modo de vida.
Foi um risco bem medido começar a viver só da música?
Medi bem todas as minhas decisões mas este é um emprego inconstante. Hoje podemos ter trabalho e amanhã já não. Foi um risco que resolvi assumir. Umas vezes é fácil outras nem por isso.
Vai lançar o seu primeiro CD - que será apresentado este domingo e segunda-feira no Teatro Sá da Bandeira em Santarém - que é uma edição de autor. Porquê?
Há muitos fadistas que tiveram que editar os seus primeiros discos no estrangeiro. A Mariza, Cristina Branco, Celeste Rodrigues. As editoras portuguesas não apostam nos fadistas portugueses que estão a começar, que querem editar um disco e ainda não são conhecidos do grande público. Infelizmente acho que em Portugal funciona muito o factor 'cunha' para se conseguir que as produtoras apostem nos seus trabalhos e não pelo valor que as pessoas têm.
Começou a sua carreira artística há uma década. Porquê só agora um trabalho discográfico?
Se fosse para gravar por gravar já o tinha feito há uns anos, mas defendo que um disco é uma coisa que nos acompanha sempre e deve ser feito no momento certo. Tinha que ser algo mais maduro e com conhecimento fiel daquilo que queria.
O fado tem conhecido nos últimos anos muitas caras novas que se tornaram protagonistas. O fado voltou a estar na moda?
Talvez. Pelo menos fala-se mais e apareceram novas vozes jovens que conseguem 'agarrar' os jovens. E eles começam a achar giro. Felizmente há cada vez mais gente jovem, com valor, a começar a cantar o fado.
O fado foi considerado, recentemente, pela Unesco Património Imaterial da Humanidade. Isso deve-se a esta nova geração de fadistas?
Não. Esta consagração já vem de trás. Temos que agradecer a fadistas como Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Celeste Rodrigues, Maria Amélia Proença, Maria da Nazaré, entre outros, que trouxeram o legado do fado até aos nossos tempos.
Esta distinção é importante para os fadistas?
Acho que sim, sobretudo a nível mundial porque as pessoas vão começar a respeitar e a ouvir o fado de outra forma. As pessoas vão perceber que afinal o fado não é apenas uma cantiga de um povo e começa a ser mais representativo lá fora.
O fado é o seu destino?
Tenho a certeza que sim. É o que quero fazer. Fiz um disco agora porque decidi estar na altura de registar o que tenho vindo a fazer nos últimos anos e também porque gosto daquilo que faço. Mas, infelizmente, neste meio acho que as pessoas andam numa de competição e eu não ando aqui para competir com ninguém. O Mirante
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