EnglishPortuguês

Ana Laíns - Ciúme do fado e fado do ciúme

Concertos - Novembro 25, 2012
Outra boa noite de fado em Oviedo, desta vez com Ana Lains, a cantora que nasceu no Ribatejo, na bela cidade de Tomar, em 1979, e na Noite Grande do Fado de Lisboa Coliseu dos Recreios, vinte anos depois veio para a vencer, para continuar uma boa sequência de apresentações em Portugal e no estrangeiro.

Teatro Filarmónica - Oviedo - 24.11.12

Especificamente, aqui em Oviedo e Gijón, apresentou-se há seis anos, no ciclo de Música do Século XX, de Cajastaur. Então, ainda não havia demonstrado a maturidade que tem agora . Ela não se considerava  fadista, como outras cantoras jovens lusas,  que embora ocasionalmente cantem fado também cultivam outras canções e outras músicas. Ana Lains ainda prefere dizer que é uma "cantora tradicional", mas o facto é que no sábado, na Filarmónica, foi muito fadista e de sua voz e seu coração resultou um belo repertório de fado tradicional, para fazer jus ao poema “o português quando canta /o fado bela canção / tem rouxinóis na garganta / guitarras no coração”

Ana Lains apresentou-se com um vestido em que se notavam alguns vestígios fadistas, brincos, penteado, colar e pulseiras foram alguns apontamentos de vanguarda, mas foram conjugados com o seu elegante vestido preto e uma capa vermelha que poderia ser algo semelhante a um xaile de fado. Sua simpatia, sorriso e suas roupas eram uma reminiscênciada da terra que a viu nascer, o Ribatejo, o "cinturão de fogo escarlate em torno da cintura de Portugal", nas palavras do poeta Miguel Torga. Ana Lains canta muito bem, com uma voz forte, movimentos claros e decisivos como uma princesa no palco e interage muito bem com o público em "portunhol" para explicar e comentar as suas canções.

Numa Europa que perdeu - e espero eu seja apenas temporário - os seus ideias para se reduzir a um mero saldo bancário, onde os cidadãos vivem em crise, não é despropositado falarmos agora sobre números. Assim, neste concerto Ana Lains interpretou 18 músicas e mais duas no "encore" que ofereceu a uma plateia entusiasmada. Destes, seis eram fado-fado: Fado Das Horas, Meia Noite (magnífico), Mouraria estilizado, Magala (ótimo), Alberto (emocinante) e uma guitarrada (estremecedora), dois fados acompanhados ao piano e outros três fados-canção, um tema brasileiro, que já se tornou tradicional no repertório fadista "Barco Negro", duas canções folclóricas tradicionais, "Hortelã Mourisca" da Beira Baixa e outra popular e mais cinco baladas :

O ciúme logo apareceu, com "Cansaço", seguido com o fado que Ana Lains sempre interpreta: "Zanguei-me com meu amor" (Zanguei-me com o meu amor/ Não o vi em todo o dia/ À noite cantei melhor/ O fado da Mouraria), seguido por outro de Fernanda Maria:"“Não passes com ela à minha rua” (“No pases con ella por mi calle”). E, se continuarmos com os ciúmes e a contabilidade entre fados e baladas, o tempo de aplausos era seguramente bem maior para os primeiros, ou pelo menos assim me quis parecer.Ángel García Prieto


Artigos Relacionados


PROCURA e OFERTA de Músicos!
Não procure mais... está tudo aqui!

Redes Sociais

     

Newsletter

Mantenha-se actualizado com as novidades do Fado.

Portal do Fado

©2006-2024  Todos os direitos reservados.