Mar de Guitarras: um livro do fado ao Mediterrâneo
Interviews - Julho 04, 2020
O livro Mar das Guitarras, de Jorge Marques, é este sábado apresentado (4 de julho), pelas 16h00, nos claustros do Museu Grão Vasco. Um pretexto para falar com o escritor
O que é o Mar das Guitarras?
O mar é o mediterrânio do qual fazemos parte. Só Portugal e a Jordânia, não sendo banhados pelo mediterrânio, foram os únicos considerados mediterrânicos. Porquê? Pela oliveira, vinho e uma cultura específica. Na verdade recebemos quase tudo desse mar. O livro trata, sobretudo, das sonoridades, da música e dança deste espaço. Pelo meio corre uma história com vários personagens.
Em que lugares corre a história?
Sobretudo no Egito, Grécia, Istambul, sul de França, Andaluzia, Lisboa e Brasil.
E porquê esses lugares?
Porque foram as grandes praças dessa música e onde encontrei as raízes das nossas sonoridades. Há uma espécie de Fado Mediterrânico, seja na sua base sentimental e emocional, seja depois nos sons, instrumentos e na mítica. A saudade é mediterrânica!
Quer dizer que também tem a ver com o nosso fado?
Sim! Existem várias teorias sobre a origem do nosso fado. A mediterrânica é uma delas. Falo aqui delas e comparo-as. O Brasil aparece por isso mesmo, porque há uma ideia de que o fado veio de uma dança Afro-Brasileira. Depois há os instrumentos musicais, sobretudo as cordas, tem formas e nomes diferentes, mas a alma é a mesma. Refiro-me por exemplo ao alaúde árabe, bouzouki grego, guitarra flamenca e a nossa guitarra. Estas são as guitarras deste mar.
Este livro nos vai levar em viagens?
Claro! Viagens no espaço e no tempo. No tempo vamos á Civilização Grega, essa deu-nos quase tudo o que temos hoje. Pelo caminho vamos encontrar um povo nómada que carregou música e dança desde a Índia, Pérsia e depois parou no Egito. Deram um enorme contributo á música europeia, aos maiores compositores clássicos e também ao nosso fado.
Falou de danças?
Vai aparecer a Dança do Ventre, a Grega, Cigana, Flamenco e a Dança do Fado. Sabe que fandango quer dizer Dança do Fado? Existe em vários lugares e até no Brasil e outros da América Latina. Vamos perceber estas raízes.
Portugal, o fado... Então vamos ter Amália?
Claro! Aparece e vem dar força a esta tese mediterrânica. Para ela a maior cantora do mundo era a egípcia Oum Kalsoum e com quem aprendeu aqueles requebros de voz, aquele dramatismo. E confessava que a música que mais gostava era da árabe. E que um dia lhe disseram que era tão portuguesa que até parecia árabe.
Nos seus livros anteriores faz sempre questão de desmistificar alguma coisa da história?
Aqui também! Em várias situações, na Dança do Ventre, no contributo dos gregos, na história do harém, na relação de Portugal com os mouros. Desde Afonso Henriques e na primeira e segunda dinastia a relação foi boa, os nossos reis deliciavam-se com a cultura árabe e até se vestiam de árabes. E apaixonavam-se pelas bailarinas e pela música. Houve vários casamentos entre a nobreza dos dois lados. Aliás ainda hoje há restos dessas festas mouras por aí, as mouriscas, como é o caso das nossas cavalhadas. Nós aprendemos muito com os árabes e os nossos reis souberam fazer isso, essa aprendizagem. Viviam rodeados de artistas árabes a quem davam grandes mordomias.
Há uma moral, uma mensagem específica neste livro?
Há sempre! Eu quis fazer do mediterrânio um Continente de Água, um espaço que liga e não separa. Mostrar que sendo diferentes temos tantas coisas em comum e uma grande herança cultural. Procurei mostrar que a diferença, a diversidade são coisas bonitas. Que estes povos são assim como uma grande orquestra, cada um toca um instrumento diferente, mas depois sai uma obra harmoniosa. E falo de um movimento que já se está a passar entre os músicos deste espaço. Eles estão a fazer várias fusões das músicas destes países e a querer construir uma música mediterrânica. Há muitos músicos portugueses que estão envolvidos nesse movimento. Fazer do mediterrânio uma Grande Potência Mundial da Música. É a esses músicos que eu dedico este livro.
O mar é o mediterrânio do qual fazemos parte. Só Portugal e a Jordânia, não sendo banhados pelo mediterrânio, foram os únicos considerados mediterrânicos. Porquê? Pela oliveira, vinho e uma cultura específica. Na verdade recebemos quase tudo desse mar. O livro trata, sobretudo, das sonoridades, da música e dança deste espaço. Pelo meio corre uma história com vários personagens.
Em que lugares corre a história?
Sobretudo no Egito, Grécia, Istambul, sul de França, Andaluzia, Lisboa e Brasil.
E porquê esses lugares?
Porque foram as grandes praças dessa música e onde encontrei as raízes das nossas sonoridades. Há uma espécie de Fado Mediterrânico, seja na sua base sentimental e emocional, seja depois nos sons, instrumentos e na mítica. A saudade é mediterrânica!
Quer dizer que também tem a ver com o nosso fado?
Sim! Existem várias teorias sobre a origem do nosso fado. A mediterrânica é uma delas. Falo aqui delas e comparo-as. O Brasil aparece por isso mesmo, porque há uma ideia de que o fado veio de uma dança Afro-Brasileira. Depois há os instrumentos musicais, sobretudo as cordas, tem formas e nomes diferentes, mas a alma é a mesma. Refiro-me por exemplo ao alaúde árabe, bouzouki grego, guitarra flamenca e a nossa guitarra. Estas são as guitarras deste mar.
Este livro nos vai levar em viagens?
Claro! Viagens no espaço e no tempo. No tempo vamos á Civilização Grega, essa deu-nos quase tudo o que temos hoje. Pelo caminho vamos encontrar um povo nómada que carregou música e dança desde a Índia, Pérsia e depois parou no Egito. Deram um enorme contributo á música europeia, aos maiores compositores clássicos e também ao nosso fado.
Falou de danças?
Vai aparecer a Dança do Ventre, a Grega, Cigana, Flamenco e a Dança do Fado. Sabe que fandango quer dizer Dança do Fado? Existe em vários lugares e até no Brasil e outros da América Latina. Vamos perceber estas raízes.
Portugal, o fado... Então vamos ter Amália?
Claro! Aparece e vem dar força a esta tese mediterrânica. Para ela a maior cantora do mundo era a egípcia Oum Kalsoum e com quem aprendeu aqueles requebros de voz, aquele dramatismo. E confessava que a música que mais gostava era da árabe. E que um dia lhe disseram que era tão portuguesa que até parecia árabe.
Nos seus livros anteriores faz sempre questão de desmistificar alguma coisa da história?
Aqui também! Em várias situações, na Dança do Ventre, no contributo dos gregos, na história do harém, na relação de Portugal com os mouros. Desde Afonso Henriques e na primeira e segunda dinastia a relação foi boa, os nossos reis deliciavam-se com a cultura árabe e até se vestiam de árabes. E apaixonavam-se pelas bailarinas e pela música. Houve vários casamentos entre a nobreza dos dois lados. Aliás ainda hoje há restos dessas festas mouras por aí, as mouriscas, como é o caso das nossas cavalhadas. Nós aprendemos muito com os árabes e os nossos reis souberam fazer isso, essa aprendizagem. Viviam rodeados de artistas árabes a quem davam grandes mordomias.
Há uma moral, uma mensagem específica neste livro?
Há sempre! Eu quis fazer do mediterrânio um Continente de Água, um espaço que liga e não separa. Mostrar que sendo diferentes temos tantas coisas em comum e uma grande herança cultural. Procurei mostrar que a diferença, a diversidade são coisas bonitas. Que estes povos são assim como uma grande orquestra, cada um toca um instrumento diferente, mas depois sai uma obra harmoniosa. E falo de um movimento que já se está a passar entre os músicos deste espaço. Eles estão a fazer várias fusões das músicas destes países e a querer construir uma música mediterrânica. Há muitos músicos portugueses que estão envolvidos nesse movimento. Fazer do mediterrânio uma Grande Potência Mundial da Música. É a esses músicos que eu dedico este livro.
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