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Ricardo Rocha na Casa da Música

Arquivo - Dezembro 17, 2006
A sala foi pequena, o suficiente para emprestar à música ali desenhada um sentimento profundo, arrepio próprio da alma que se revê nas escalas de uma portugalidade iminente.

Casa da Música - Porto - 15/12/06

Ricardo Rocha provém de uma família que desde há muito empresta ao fado um amor e devoção exemplares e por herança incontornável o fado corre-lhe no sangue. 

As composições de Ricardo Rocha, executadas à guitarra exalam uma sonoridade invulgar onde facilmente se destinguem nuances de uma narração trágica e solitária, muito ao estilo do repertório fadista, mas sem dúvida alguma o que se ouviu na Casa da Música não foi o Fado.

O mote para o espectáculo foi o seu último disco Luminismo, que sucede ao seu albúm de estreia Voluptuária que lhe valeu o prémio Carlos Paredes e o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte para jovens compositores atribuído pelo Ministério da Cultura. Luminismo reúne uma série de temas com influências mormente reconhecíveis na música erudita e contemporânea, aqui virtuosamente espelhadas na sonoridade característica da guitarra portuguesa, exercício que eficazmente prolonga a paleta de sons deste instrumento quase exclusivamente associado ao Fado.

O espectáculo alinhou-se em duas partes distintas, a primeira onde a guitarra portuguesa foi protagonista e a segunda inteiramente dedicada ao piano. Ricardo Rocha com um semblante muito sério e parco em palavras durante todo o espectáculo (excepção foi a apresentação da segunda parte do espectáculo que contou ao piano com a presença da austríaca Ingeborg Baldaszti) foi desfiando uma após outra, as peças do alinhamento pré-definido, onde pontuaram alguns temas da autoria de Pedro Caldeira Cabral, «Dança das sombras» e «Baile dos caretos», temas estes onde o seu virtuosismo emergiu radiante e inequívoco.

A segunda parte, talvez por culpa do piano ou pela intransigência das composições, caracterizou-se por um registo mais enfadonho e de dificil absorção e por isso mais frio e distante. No geral a impressão que ficou foi positiva e a certeza que Ricardo Rocha apesar da tenra idade, constitui já uma referência obrigatória no leque dos ilustres guitarristas portugueses.
Sérgio Miranda


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