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Mariza - Fado Tradicional

Records - Janeiro 10, 2011
EMI Music / 2011
Fado Tradicional é, após Terra, o regresso a casa que Mariza ambicionava, e para o qual se diz agora preparada.

Um dos nomes portugueses mais conhecidos em todo o mundo, Mariza anda há quase dez anos a calcorrear o planeta, fazendo muito pela popularidade do fado, não só a nível internacional mas também dentro de portas. Basta lembrar que Fado em Mim , o seu primeiro disco, foi para as lojas mais por insistência de um empresário holandês do que por vontade da própria artista.

Em 1991, recordou a cantora, investir em fado não era uma prioridade das editoras nacionais, por não se adivinhar frutuoso retorno. Hoje, é certamente um dos géneros musicais mais rentáveis, escapando até à pirataria que ameaça a indústria discográfica. Mariza, a sua voz, a sua iconografia e a sua presença, têm muito mérito no reposicionamento do fado no mercado, tendo ajudado a torná-lo num som urbano e cosmopolita, sem com isso trair as suas raízes.

Das viagens, pela sua terra e pelas dos outros, Mariza, que pretende evitar a todo o custo a palavra "fusão", trouxe naturais influências que fizeram de Terra , o seu disco de 2008, um trabalho um pouco mais mestiço, com os temperos de África e da América Latina a imiscuírem-se, com graciosidade, no fado e no ritmo da portuguesa.

Fado Tradicional é, após essa viagem, o regresso a casa que Mariza ambicionava, e para o qual se diz agora preparada. Voz e guitarra portuguesa são a matéria-prima de Fado Tradicional , um título transparente no que toca ao seu conteúdo: aqui se encontram fados sofridos ("Fado Vianinha" e "Promete, Jura", as duas ótimas faixas de abertura), momentos mais festivos ("As Meninas dos Meus Olhos") e até um poema de Fernando Pessoa, cantado com desembaraço em "Dona Rosa". A unir todas estas facetas, num disco predominantemente introspetivo, está a força estoica de Mariza, quase sempre contida e talvez mais próxima do que nunca das palavras - é impossível ouvi-la cantar, em "Mais Uma Lua", " Vivo muito bem dentro de mim" e não acreditar. Ainda assim, o momento "para o arrepio" é mesmo "Ai, Esta Pena de Mim", em tempos protagonizada por Amália e aqui interpretada quase "a cappella" por uma Mariza invariavelmente rigorosa e imponente.

Em “Fado Tradicional”, Mariza canta, em tom de homenagem, poetas e fados de sempre que a marcaram desde a infância e junta a eles a contemporaneidade e visão pessoal que a caracterizam.

A propósito do novo disco, escreve o musicólogo Rui Vieira Nery: “Mariza regressa, pois, aqui às próprias raízes do Fado “clássico”, mergulhando por completo nas tradições mais autênticas e mais consagradas pelo tempo de um género de que é hoje um expoente consagrado. Mas ao mesmo tempo continua atenta a uma nova geração de jovens compositores como Sérgio Dâmaso, e estimula os seus acompanhadores a apoiá-la nesta viagem como um suporte instrumental assumidamente contemporâneo e por vezes ousadamente experimental. Mais uma vez oferece-nos a sua mistura tão especial do velho e do novo, mas sempre só o melhor”.


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