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Moniz Pereira

Músicos - Actualizado em Novembro 14, 2023
"Valeu a pena" escrito e composto por Moniz Pereira é sem dúvida o seu cartão de visita e revela a outra faceta deste professor de educação física e treinador de alta competição.

Numa busca rápida pelos registos da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) contamos cerca de 120 temas {fados e canções) de sua autoria, quer a música, quer a letra ou de ambas. Além de "Valeu a pena" criado por Carlos Ramos e popularizado por Maria da Fé que o tornou inesquecível e um "hit" da música portuguesa, podemos referir entre outros êxitos "Fado Varina", "Chaves da vida", "Rosa da noite", "Rio Tejo de Lisboa", "Não me conformo", "Rosa da Madragoa", "Eu sei que tu sabes" ou "Leio em teus olhos".

Carlos Ramos, Maria da Fé, Carlos do Carmo, Lucília do Carmo, Maria Armanda, Manuel de Almeida, Deolinda Rodrigues, Rodrigo são alguns dos fadistas que criaram letras ou músicas de sua autoria, sem referir os muitos que as continuam hoje a cantar e a recriar.

Mário Alberto de Freire Moniz Pereira, 87 anos, tem sido alvo de diferentes homenagens e tem recebido várias distinções, além de condecorações oficiais. Entre outros, recebeu o Emblema de Ouro da Associação Europeia de Atletismo (2001), Prémio Consagração de Carreira pela Casa da Imprensa (1998), Prémio Prestígio do Município de Sintra (1997), Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique (1991), Ordem Olímpica pelo Comité Olímpico Internacional (1988),
Medalha de Mérito Grau Ouro da Câmara de Lisboa (1985), e é Doutor Honoris Causa pela Universidade Técnica de Lisboa (2001). Um pavilhão e uma pista na capital ostentam o seu nome. Sócio n° 2 do Sporting Clube de Portugal foi galardoado em 2001 com o Leão de Ouro e Palma.

Mantém com grande dinamismo a Associação de Amizade Portugal-Portugal por si fundada há duas décadas com o intuito de "pôr a falar os portugueses com os portugueses", nas suas palavras.
Tem publicado quatro títulos sobre temas desportivos, entre eles, "Carlos Lopes e a escola portuguesa do meio fundo".

Lisboeta, nascido na Rua Gomes Freire, espantou todos quando aos cinco anos improvisou ao violino. A música continuaria a ser a sua paixão a vida toda, apesar de afirmar não conhecer uma nota. Não chegou a estudar música mas se uma ideia musical surge, coloca-se ao piano e cria, graças a um apurado ouvido e sensibilidade excepcional.

Qualquer esboço biográfico seu tem de referir em paralelo a carreira desportiva - quer como atleta, quer como treinador e homem empenhado no desenvolvimento do desporto nacional, participou entre dezenas de competições desportivas internacionais, nomeadamente em 12 Jogos Olímpicos -, e a carreira na música.

Ainda aluno do extinto INEF (Instituto Nacional de Educação Física) actual Faculdade de Motricidade Humana, em 1945 o jornal Os Sports escrevia a propósito da festa de aniversário daquela instituição: "uma menção especial para o conjunto vocal dirigido pelo aluno estagiário Moniz Pereira, que deu prova de muito apreciável sentido musical", acrescentando que foi ovacionado pelos espectadores.

"Tocar de ouvido" como afirma é uma especialidade sua desde miúdo, quando regressava a casa do Cinema Central tocava no piano da família as músicas do filme a que assistira.
Um mero acaso levou-o a começar a compor para fado. Aconteceu n'A Viela, quando ouviu certo fado e imediatamente o reproduziu num piano que lá se encontrava. É desafiado a escrever, e começa a compor, estamos em finais da década de 1950. O primeiro fado que compõe (letra e música), "Contentamento", será gravado por Lucília do Carmo que registou onze temas seus.
Depois do desafio feito n 'A Viela começa a frequentar A Toca de Carlos Ramos, que ainda gravou alguns temas de sua autoria. D'A Toca passa a frequentar O Faia e dá-se o conhecimento e convivência com Lucília do Carmo, cuja voz o apaixona.

"Valeu a pena" escrito em 1964, tem, segundo o seu autor, 23 versões diferentes interpretadas por 18 artistas, incluindo o espanhol Diego Romero e a brasileira Roberta Miranda.
Relativamente à música, a sua opinião foi expressa à revista Autores da SPA: "Perguntei um dia a um homem da rádio qual a palavra que mais se ouve na rádio portuguesa. Ele pensou, pensou e disse que não fazia ideia. Eu respondi-lhe: é ai. E depois expliquei-lhe: não é o ai de ó ai ó linda, não é o ai de ai Mouraria. É o ai de I love you, de I believe, I go, I want. As letras são péssimas, são muito piores que as nossas"

Moniz Pereira faleceu em Lisboa no dia 31 de Julho de 2016, tinha 95 anos.


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