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Mafalda Arnauth: «Transformo-me mas não desisto do fado»

Entrevistas - Outubro 04, 2015
A cantora Mafalda Arnauth arrisca mais uma aventura ao iniciar um ciclo com a banda portuense Atlantihda.

Do fado, traz «as nuances» para o novo som «mediterrânico».
Desde hoje que o novo álbum "Mafalda Arnauth & Atlantihda" está nas lojas. Falamos com Mafalda Arnauth e com o baixista dos Atlantihda, José Carlos Nogueira.

Como se deu este encontro entre Mafalda Arnauth e a banda Atlantihda?
José Carlos Nogueira - O nosso produtor Fred encontrou-se há um ano com a Mafalda e pôs-nos em contacto. A Mafalda sabia que tínhamos uns temas para serem cantados e estava receptiva para um projecto novo. Tudo começou a partir daí.
Mafalda Arnauth - É um desafio que coincidia com os meus 20 anos de carreira. Há quem o celebre. Para mim, a melhor forma de o celebrar é com um trabalho refrescante que me obrigue a redescobrir e este é o caso.

A distância geográfica Lisboa - Porto tem dificultado?
MA - Não, porque eu sou uma nómada (risos). O grupo tem um núcleo forte no Porto e não fazia sentido estar a desmobilizá-los. E acabou por ser muito simpática esta itinerância entre Lisboa e Porto. Cheguei a estar um mês e tal no Porto, na fase de ensaios contínuos. Foi uma espécie de estágio e uma forma diferente e muito interessante de trabalhar. Às vezes, quando estamos em casa, somos facilmente distraídos com isto e aquilo. E ali não, o foco era totalmente para esta nova fase.

Tomaram a hibridez dos Madredeus como um modelo para a vossa música?

MA - No meu caso, não. Até porque nunca imaginei a minha voz nesse registo. Claro que vai haver sempre influências que não se prendem só a Portugal. Houve um trabalho muito grande da banda em procurar uma identidade e uma sonoridade que trazendo reminiscências, acaba por ser muito deles.
JCN - Se a nova identidade tiver algo de semelhante com os Madredeus, tem a ver com a própria interpretação dos instrumentos que estão lá presentes. A partir do momento que tens um violoncelo, não vais pôr uma raíz 100% folk. Há uma adaptação que ainda está a acontecer, porque quando a Mafalda entrou, passámos também a ter um baterista [de nome Zagalo].

Quando falam em influências de outras partes do mundo, de que partes do mundo falam?

MA - As partes do mundo até são próximas porque é um som muito mediterrânico que tem uma raíz de grande portugalidade. São sons que oiço desde criança no meu dia-a-dia. O facto de nascer numa era de portas abertas já há uns quarenta e poucos anos faz com que esses outros lugares tenham estado sempre próximos. Já não posso dizer que não interferem nas minhas influências. Ainda que tenha vivido dentro do fado, trouxe outro tipo de referências. Ao preparar a voz para este projecto, há provavelmente outros estilos que me fazem perceber uma flutuação de vozes e uma suavidade que não me era tão comum.

Desististe de ser fadista?

MA – Não se desiste. Ser fadista é um estado de alma que ultrapassa o estilo vocal. Ser fadista é uma forma de estar. Tenho-me é transformado enquanto fadista e fadista da vida. Esta é mais uma experiência que acrescento ao meu percurso. As nuances que trago do fado estão presentes aqui. Estão ao serviço de um projecto global e não tão selvagens e desenfreadas como num vocalista de fado. Não desisto de nada, transformo-me.

Acima de fadista, és cantora.
MA - E sou pessoa. A pessoa está a conduzir a minha vida, a fazer-me reagir enquanto instinto e descoberta pessoal. Claro que isso influencia a minha parte interpretativa.

A Rua da Saudade é um capítulo fechado?
MA – Parece-me que sim, embora seja ainda um capítulo em que continuamos a comunicar. Deixou-nos uma marca muito especial. Com a Luanda [Cozetti], a Susana [Félix] e a Viviane, tive a sensação de companhia em palco. Com os Atlantihda, volto a ter essa sensação, até porque tem outra menina [referência à violoncelista Melanie Paula]. Gonçalo Palma


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