Gaspar Varela, uma viagem interestelar pelas cordas da guitarra portuguesa
Concertos - Novembro 29, 2018
Abre-se o pano e que vemos nós? A recriação do universo a entrelaçar o rasto de todas as estrelas e as vidas humanas que por aqui passaram e nos deixaram legados e estima incomensurável.
"Este concerto é dedicado à memória da minha bisavó, Celeste Rodrigues." Celeste era já o ambiente em que estávamos à abertura do proscénio. Carlos Paredes ressuscita com uma veemência inacreditável pelas mãos e pala sensibilidade de um adolescente de 15 anos.
Mas que fenómeno é este? Interrogamo-nos levados por uma espécie de viagem interestelar, quando prossegue aos comandos da nave em forma de coração, chamando Artur Paredes e depois ainda Alcino Frazão.
Surgem os Lisboetas, tema original construído por Gaspar e o seu irmão Sebastião Varela. O quase indescritível desenho de luz permite-nos regressar à Terra e situar-nos no conforto do Éden nas tonalidades cromáticas organizadas neste vai-e-vem, entre o Espaço e a nossa ainda Base Terrestre, que só não é o paraíso porque os torcionários do Mundo o não permitem.
Mas por isso é que houve muitos antes de Gaspar Varela. Para nos permitirem resistir e estimularem-nos a encontrar todos os dias, um caminho renovado para a vida do quotidiano e para as subtilezas ou a profundidade do nosso pensamento e da nossa própria existência, a singular e a colectiva.
O público que esgotou o potencial do auditório, pareciam motores a responderem como uma ordem quântica aos comandos daquela nave, que nos fazia viajar ao que há de mais inédito e deslumbrante do cosmos.
Nós fomos interditados de registar sobre qualquer forma ou suporte. Eu furei a ordem, pelo imperioso do momento. Dos sons que resultaram nesta viagem que ainda prevalece, espero que se tenham prevenido e os tenham registado todos, nas condições reais do próprio auditório. Porque a edição de um próximo CD terá ali, em uma hora e meia de acontecimentos, mais do que garantias e bases estéticas para o segundo disco, que pode muito surpreendentemente ganhar a posição de primeiro.
A sala estremecia de emoções a cada final de mais uma peça. Um solista de Guitarra Portuguesa assim, em tão tenra idade, junta os seus braços ao corpo e ao braço do instrumento e transfere-lhe um raro sentimento. Fá-lo gritar como um Clarim dos Céus, confere-lhe a expressão dos Carrilhões do Convento, e logo de seguida, leva-o à grandeza da voz humana nos dígitos dos dedos, como se os fadistas estivessem ali, presentes, à sua e nossa frente, expressando a própria vocalização do Fado.
Mais adiante na chegada ao destino desta viagem sem igual, irrepetível, surge o Fado Celeste, criação da avó homenageada. E é aqui que ouvimos com maior clareza as cordas vocais humanas. Mesmo antes da surpresa da própria voz da Celeste irromper do Espaço, antes do acorde final.
Apesar de já antes deste momento sermos amigos virtuais, Luis Varatojo teve a generosidade de nos apresentar pessoalmente. A mim e ao Gaspar. Depois, ao Diogo Varela Silva, pai do Gaspar, que eu já conhecia, fruto de um outro grande encontro, este com Tiago Correia, no mês de Novembro de 2016 no Teatro Joaquim de Almeida na Margem Sul do Tejo.
Gaspar surge na entrada do Auditório, onde o público e amigos o aguardavam para o cumprimentar e levarem para casa o primogénito disco autografado. Só a generosidade e o humanismo ali percepcionados permitiram por fim, entender a génese singular que faz o artista, que tão jovem, nos promete um futuro que podemos afirmar seguros, nos trará a amplificação sonora e humana enviada desde as estrelas mais luminosas, até ao coração do próprio Gaspar. E através dele, sermos nós os seus felizes destinatários.
Mas que fenómeno é este? Interrogamo-nos levados por uma espécie de viagem interestelar, quando prossegue aos comandos da nave em forma de coração, chamando Artur Paredes e depois ainda Alcino Frazão.
Surgem os Lisboetas, tema original construído por Gaspar e o seu irmão Sebastião Varela. O quase indescritível desenho de luz permite-nos regressar à Terra e situar-nos no conforto do Éden nas tonalidades cromáticas organizadas neste vai-e-vem, entre o Espaço e a nossa ainda Base Terrestre, que só não é o paraíso porque os torcionários do Mundo o não permitem.
Mas por isso é que houve muitos antes de Gaspar Varela. Para nos permitirem resistir e estimularem-nos a encontrar todos os dias, um caminho renovado para a vida do quotidiano e para as subtilezas ou a profundidade do nosso pensamento e da nossa própria existência, a singular e a colectiva.
O público que esgotou o potencial do auditório, pareciam motores a responderem como uma ordem quântica aos comandos daquela nave, que nos fazia viajar ao que há de mais inédito e deslumbrante do cosmos.
Nós fomos interditados de registar sobre qualquer forma ou suporte. Eu furei a ordem, pelo imperioso do momento. Dos sons que resultaram nesta viagem que ainda prevalece, espero que se tenham prevenido e os tenham registado todos, nas condições reais do próprio auditório. Porque a edição de um próximo CD terá ali, em uma hora e meia de acontecimentos, mais do que garantias e bases estéticas para o segundo disco, que pode muito surpreendentemente ganhar a posição de primeiro.
A sala estremecia de emoções a cada final de mais uma peça. Um solista de Guitarra Portuguesa assim, em tão tenra idade, junta os seus braços ao corpo e ao braço do instrumento e transfere-lhe um raro sentimento. Fá-lo gritar como um Clarim dos Céus, confere-lhe a expressão dos Carrilhões do Convento, e logo de seguida, leva-o à grandeza da voz humana nos dígitos dos dedos, como se os fadistas estivessem ali, presentes, à sua e nossa frente, expressando a própria vocalização do Fado.
Mais adiante na chegada ao destino desta viagem sem igual, irrepetível, surge o Fado Celeste, criação da avó homenageada. E é aqui que ouvimos com maior clareza as cordas vocais humanas. Mesmo antes da surpresa da própria voz da Celeste irromper do Espaço, antes do acorde final.
Apesar de já antes deste momento sermos amigos virtuais, Luis Varatojo teve a generosidade de nos apresentar pessoalmente. A mim e ao Gaspar. Depois, ao Diogo Varela Silva, pai do Gaspar, que eu já conhecia, fruto de um outro grande encontro, este com Tiago Correia, no mês de Novembro de 2016 no Teatro Joaquim de Almeida na Margem Sul do Tejo.
Gaspar surge na entrada do Auditório, onde o público e amigos o aguardavam para o cumprimentar e levarem para casa o primogénito disco autografado. Só a generosidade e o humanismo ali percepcionados permitiram por fim, entender a génese singular que faz o artista, que tão jovem, nos promete um futuro que podemos afirmar seguros, nos trará a amplificação sonora e humana enviada desde as estrelas mais luminosas, até ao coração do próprio Gaspar. E através dele, sermos nós os seus felizes destinatários.
Germano Vaz
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