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Jorge Fernando: "Penso que o Barreiro me transmitiu grandes valores"

Entrevistas - Dezembro 15, 2010
O fadista Jorge Fernando juntou alguns colegas e amigos numa Gala de Fados que permitiu comemorar os 450 anos de vida da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro (SCMB).

Porque ser solidário nunca é demais, e em nome do Barreiro ainda menos, o fadista Jorge Fernando juntou alguns colegas e amigos numa Gala de Fados que permitiu comemorar os 450 anos de vida da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro (SCMB) e angariar fundos em prol das obras desta instituição. No evento, realizado no Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC), o artista expressou o seu orgulho no Barreiro, com um elogio à SCMB pelo seu “trabalho solidário que merece ser reconhecido”. “Sem a SCMB, as dificuldades de muitas famílias seriam ainda maiores”, declarou Jorge Fernando, perante uma sala cheia de barreirenses que acompanharam entusiasticamente os fados ouvidos na noite em que o Jornal do Barreiro conversou com o fadista sobre as suas vivências no Barreiro.

Jornal do Barreiro (JB): O fadista Jorge Fernando não sobe aos palcos do Barreiro há algum tempo. Por que razão os barreirenses não o têm visto mais vezes na sua terra?


Jorge Fernando (JF): Essa é uma pergunta à qual não posso responder directamente porque, por mim, cantava todos os dias no Barreiro. Esta é a minha gente, a minha grande família e, portanto, isso passa pelas entidades oficiais. Para mim é sempre um orgulho enorme cantar no Barreiro. Foi aqui que cresci e que tenho as minhas raízes. Culturalmente formei-me aqui e sou muito mais do Barreiro do que de Lisboa, onde eu nasci. Vim com 11 anos para esta terra; foi cá que estudei e me tornei homem e pai. Foi aqui que comecei a compor e a escrever, aos 15 anos. Portanto, sou muito mais ‘camarro’ do que lisboeta.


JB: Quer recordar um pouco as recordações que guarda consigo desta terra?


JF: As memórias são muitas porque eu não sou o tipo de pessoa que passa ao lado da vida. Vivo intensamente cada dia, observo muito a existência das pessoas e, como tal, penso que diariamente tenho coisas para recordar do Barreiro. Mas o meu tempo escolar, os meus tempos de futebolista são tudo gratas recordações que, de vez em quando, passo para o papel porque foram marcantes. E nós sabemos, e é estudado psicologicamente, que a nossa infância e juventude perseguem-nos a vida inteira. Penso que o Barreiro me transmitiu grandes valores e é uma terra de grandes valores. Hoje não seria o mesmo sem ter crescido no Barreiro.


JB: Como é que se associou a este projecto da Santa Casa do Barreiro?


JF: Eu sou sensível a todos os organismos que têm como fito fazer aquilo que o Estado não faz e a SCMB, há centenas de anos, que o vem fazendo. É um papel que nem o Estado nem a própria Igreja, que fomenta a palavra eucarística, de fraternidade e de ajuda ao ser humano, cumprem. A SCMB é mais um dos organismos que tem hasteado a bandeira da solidariedade para com os desprotegidos. Embora contando com alguns fundos estatais, estes não são de modo algum suficientes para suportar o que, por exemplo, a SCMB. Portanto, é uma acção de louvar e eu estarei sempre ao dispor destas iniciativas que visam não só homenagear como também arranjar fundos para que a obra continue.

 

JB: Jorge Fernando tem recebido alguns prémios, como o Prémio Amália Rodrigues ‘Melhor Viola’. Sente assim que o seu trabalho pelo Fado tem sido reconhecido?


JF: Eu não sou muito dado a prémios e a medalhas. Tenho recebido alguns prémios na minha vida, mas o único prémio que tenho em casa foi porque mo entregaram no momento, um Prémio de Cultura Italiano pelo trabalho desenvolvido no Fado. Mas tenho recebido sim outros prémios, nomeadamente o Prémio Amália que não fui receber. Os meus prémios são estas festas, o convívio com as pessoas, o saber que sou o autor mais cantado na área do Fado e os duetos que vou fazendo e as pessoas que vão participando comigo – essas são as minhas medalhas.


JB: Quer deixar uma mensagem aos barreirenses que, como diz, fazem parte da sua família?


JF: Eu cresci numa terra muito cultural em todas as vertentes e gostava que isso não se perdesse. O Barreiro é uma terra com um estigma muito forte no poder político e é preciso mostrar a toda a gente que esta é uma terra de grande valor, de grandes joias e pérolas: Mariette Pessanha (fadista); Marco Paulo (cantor), que não sendo barreirense também foi aqui que se criou; Maria de Lurdes Resende (cantora) … No futebol então, seria cansativo nomear os barreirenses que se tornaram famosos e que levaram a todo lado o nome do Barreiro. A minha mensagem é de que não percam esse valor cultural e que continuem a interessar-se pela vida, pelas coisas e a lutar por elas.

JB



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Comentários
#1 To-Zé 2011-06-16 09:15 Infelizmente estou a ker esta noticia com 6 meses de atraso, mas é com grande prazer que leio neste momento.O Barreiro também foi a terra do meu crescimento e a SCNB sempre foi de grande utidade para muitissima gente desta terra e o Jorge ajudar,para ele será normalissímo eu que bem o conheço desde os primeiros dias no Barreiro,hoje perdemos o contacto, estou no Brasil, se por acaso e agora é para tua informação Jorge, eu morava no nº2 e tu no 6 o meu pai era enfermeiro que muitas vezes auxiliou o teu avô :)um abraço para todos e parabens á SCMB. Citação
#2 José Guerreiro 2013-03-12 01:11 Como eu teria gostado de ter participado neste jornada de solidariedade, infelizmente, neste aspecto, moro há muitos anos no distrito de Aveiro e sou muita vez esquecido. Até agora apenas tenho sido lembrado pelo Barreirense, pelos Franceses e pela Junta de Freguesia do Alto do Seixalinho Citação
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