EnglishPortuguês

Sara Correia: "Viver é cantar! E olhar sempre para o futuro com garra"

Interviews - Janeiro 18, 2022

Em entrevista a fadista Sara Correia, que dá voz ao genérico da novela "Quero é Viver", falou sobre o tema central da nova novela da TVI: o empoderamento feminino.


Como surgiu o convite para cantar o genérico de “Quero é Viver”?

O convite surgiu da TVI e da produção da novela. Quando me disseram que tínhamos esta proposta, fiquei muito lisonjeada, porque pediram, especificamente, para ser eu a cantar a música e isso deixou-me muito feliz. Estar ligada a um legado tão grande como o do [António] Variações, poder entrar, todos os dias, na casa das pessoas foi, e está a ser, para mim, uma oportunidade incrível e só tenho a agradecer quem me escolheu para isto.

 

Apesar de esta versão contar com uma identidade própria, teve receio de uma possível comparação com o tema dos Humanos?
De maneira nenhuma. Quando entro em algo que se identifica comigo, tento dar sempre a minha identidade… As comparações existem sempre, mas não me importo nada com elas, desde que me comparem a quem tem bom gosto, como é o caso dos Humanos.

 

A canção é composta por António Variações. Este músico é uma das suas referências?
O António Variações foi revolucionário, vanguardista e muito à frente do seu tempo. Um compositor exímio, e creio que sinal claro disto é o seu repertório continuar a ser usado e recriado por artistas que nasceram muito depois de ele nos ter presenteado com a sua música. O Variações devia ser uma referência para todos. Era uma pessoa diferente, assumia e vivia essa sua verdade, e, para mim, isso é o que mais conta: tanto na música como na vida, que se viva a verdade de cada um. O António Variações é um artista de uma verdade profunda.

 

Revê-se na letra dessa canção, que pode ser interpretada como uma ode à vida?
Quem não se identifica? Todos queremos viver ao máximo e o mais que pudermos. Penso que é uma belíssima ode à vida e cantá-la ao mundo é quase um grito de liberdade.

 

Tem tido tempo para acompanhar a novela? Se sim, o que tem achado?
Tenho sim, não perco um episódio e adoro a história da novela. Penso que muitas mulheres se vão identificar com a Ana Margarida, brilhantemente desempenhada pela São José Lapa. Cá em casa, costumamos dizer que esta novela até poderá ajudar muita gente.

 

A novela é uma história sobre o empoderamento feminino. Acha que este continua a ser um tema pertinente, nos dias de hoje?
Creio que sim, apesar de a força das mulheres ser exemplificada todos os dias - no trabalho, na maternidade, na vida pública -, ainda nos faltam mais mulheres em lugares de poder, por exemplo. Esse caminho está a fazer-se, mas precisamos de que as meninas, as jovens e as mulheres acreditem que são capazes de ocupar posições que, outrora, eram apenas reservadas a homens. As mulheres têm mostrado que são capazes de tudo e já não deviam existir dúvidas sobre isto.

 

Este é mais um tema da Sara que é produzido por Diogo Clemente. A que se deve uma parceria musical tão bem-sucedida?
Somos uma dupla com grandes laços, dentro e fora da música, e isto torna tudo mais fácil! O Diogo é muito talentoso e contámos, também, com o Stego na produção, que é outro caso sério de talento. Quanto a mim, basta-me cantar a minha verdade e todo o nosso trabalho casa na perfeição.

 

Sempre quis fazer do Fado a sua vida? Nunca pensou que poderia seguir outra profissão?
Sempre quis cantar Fado. Nunca pensei seguir outra profissão, o Fado é a minha pele.

 

Existe um momento determinante em que sentiu que o que queria fazer era mesmo cantar Fado?
Quando venci a Grande Noite do Fado, em 2007, não tive dúvidas nenhumas de que era tudo o que queria. Depois, foi cantar todos os dias e estar ao lado de quem acredita em mim.

 

Cantar Fado e ser fadista é a mesma coisa? Quando é que se descobriu enquanto fadista?
Toda a gente pode cantar Fado, mas existe algo mais que não se consegue identificar ou explicar, um je ne sais quoi, uma matriz de alma muito forte, e sem par, que se sente. E é esta que determina quem é, ou não, fadista.  

 

No começo do seu percurso musical, o Fado era um género associado a uma faixa etária mais avançada. Atualmente, já não é assim?
Sim, antigamente o Fado era associado a uma faixa etária mais avançada, mas isso tem-se vindo a modificar, e ainda bem. Cada vez há pessoas mais novas interessadas no Fado, enquanto expressão ímpar da história, cultura e alma do povo português. Fico extremamente feliz por ver este interesse crescente.

 

Sente que a roupagem que o Fado tem ganhado - graças à nova geração na qual a Sara se inclui - é criticada pelos puristas? 
Não sinto que exista essa crítica. Acredito que se possa dar uma roupagem diferente a algumas músicas e sentir o Fado que existe nelas. Eu pertenço ao Fado tradicional, à verdadeira raiz.

 

Para essa nova geração, cantar - por si só - já não é suficiente? O cuidado com a imagem é igualmente relevante?
Quando não é forçado, acho que temos a liberdade de sermos o que quisermos e vestirmos o que entendermos, essa é a beleza da vida. Apesar da questão de a imagem ter muito que se lhe diga, creio que, quando alguém que canta nos toca no coração, a imagem pouco importa.

 

E que preocupações tem com a sua imagem?
Sou muito simples, tenho cuidados, gosto de me arranjar e de me sentir bonita.



Related Articles


Não procure mais... está tudo aqui!
Não procure mais... está tudo aqui!

Social Network

     

Newsletter

Subscribe our Newsletter.
Stay updated with the Fado news.

Portal do Fado

© 2006-2024  All rights reserved.