Carlos Paredes - Guitarra portuguesa
Discos - Agosto 11, 2007
"Guitarra Portuguesa", de
Carlos Paredes, é o primeiro LP do genial guitarrista que quatro anos
antes compusera
a música para o filme "Verdes Anos" (1963), de Paulo Rocha.
O álbum
contou com a participação de Fernando Alvim, no acompanhamento à viola,
e com a sábia supervisão técnica de Hugo Ribeiro, e inclui os seguintes
temas: "Variações em Ré Maior", "Porto Santo", "Fantasia", "Melodia n.º
2", "Dança", "Canção dos Verdes Anos", "Divertimento", "Romance n.º 1",
"Romance n.º 2", "Pantomina" (sem acompanhamento) e "Melodia n.º 1".
"Canção dos Verdes Anos" ficará como o tema mais emblemático de toda a
produção de Carlos Paredes.
O álbum "Guitarra Portuguesa" foi capaz de impor desde logo como referência obrigatória este homem que faz falar a sua guitarra com uma "voz" portuguesa que ultrapassa qualquer catalogação estilística. Partindo da guitarra de Coimbra, e moldando-a à sua sensibilidade e exigência artística, Carlos Paredes foi capaz de derrubar fronteiras e de criar o seu próprio – e infinito – raio de acção.
Em "Guitarra Portuguesa" nasciam algumas das melodias mais imediatamente identificáveis com Portugal, qualquer que seja a nacionalidade de quem ouve. Nota curiosa: o tema "Dança" foi escolhido por Paul McCartney para música ambiente na sua digressão mundial de 1989.
Alain Oulman, o célebre compositor de Amália Rodrigues, escreveu estas palavras: «A música de Carlos Paredes exprime, a meu ver, mais do que nenhuma outra, a terra e as gentes de Portugal. É intemporal, como a de Theodorakis quando canta a Grécia, como, aliás, deve ser a verdadeira música. Não se pode catalogar a música de Carlos Paredes, nem determinar as suas origens – uma possível influência de música barroca que não esconde a voz pessoal de um homem que ama o seu país profundamente, que se não envergonha de o confessar e que o faz com delicadeza e força viril. Para empregar uma expressão portuguesa que significa que alguém não tem parceiro, Carlos Paredes é um ‘caso’.
A primeira vez que o ouvi tocar foi em casa de Amália Rodrigues que também nunca o ouvira anteriormente. Ficámos todos desfeitos. Amália chorava e dizia que só lhe apetecia bater-lhe – reacção muito frequente nela quando se sente comovida pelo virtuosismo de alguém; nenhum de nós compreendia porque não era ele mais conhecido, pelo menos em Portugal. Paredes pedia desculpa como tocara – o que faz muitas vezes, pois é o seu pior crítico – e, para acreditar em tanta modéstia, é necessário vê-lo e ouvi-lo. Tínhamos perante nós uma ‘voz’ electrizante em música portuguesa, auxiliada por um extraordinário virtuosismo – e todos sentíamos que tal ‘voz’ tinha de ser conhecida em Portugal e além fronteiras. [...]
Nenhum outro guitarrista é capaz de tocar a música de Paredes como ele o faz – e isto nada tem de surpreendente pois em Paredes não se pode separar o músico do guitarrista. Na sua música, porém, a técnica, sempre brilhante, esconde-se para dar lugar à precisão e clareza da melodia – os temas melódicos, plenos de sensibilidade e força de "Fantasia", "Porto Santo", "Verdes Anos".
Com este primeiro LP, possa a "voz" de Carlos Paredes ir longe, bem longe, pois ele canta Portugal com sinceridade absoluta, sem peias, com amor e compreensão que dele fazem um grande e raro artista onde a mediocridade não encontra abrigo».
O álbum "Guitarra Portuguesa" foi capaz de impor desde logo como referência obrigatória este homem que faz falar a sua guitarra com uma "voz" portuguesa que ultrapassa qualquer catalogação estilística. Partindo da guitarra de Coimbra, e moldando-a à sua sensibilidade e exigência artística, Carlos Paredes foi capaz de derrubar fronteiras e de criar o seu próprio – e infinito – raio de acção.
Em "Guitarra Portuguesa" nasciam algumas das melodias mais imediatamente identificáveis com Portugal, qualquer que seja a nacionalidade de quem ouve. Nota curiosa: o tema "Dança" foi escolhido por Paul McCartney para música ambiente na sua digressão mundial de 1989.
Alain Oulman, o célebre compositor de Amália Rodrigues, escreveu estas palavras: «A música de Carlos Paredes exprime, a meu ver, mais do que nenhuma outra, a terra e as gentes de Portugal. É intemporal, como a de Theodorakis quando canta a Grécia, como, aliás, deve ser a verdadeira música. Não se pode catalogar a música de Carlos Paredes, nem determinar as suas origens – uma possível influência de música barroca que não esconde a voz pessoal de um homem que ama o seu país profundamente, que se não envergonha de o confessar e que o faz com delicadeza e força viril. Para empregar uma expressão portuguesa que significa que alguém não tem parceiro, Carlos Paredes é um ‘caso’.
A primeira vez que o ouvi tocar foi em casa de Amália Rodrigues que também nunca o ouvira anteriormente. Ficámos todos desfeitos. Amália chorava e dizia que só lhe apetecia bater-lhe – reacção muito frequente nela quando se sente comovida pelo virtuosismo de alguém; nenhum de nós compreendia porque não era ele mais conhecido, pelo menos em Portugal. Paredes pedia desculpa como tocara – o que faz muitas vezes, pois é o seu pior crítico – e, para acreditar em tanta modéstia, é necessário vê-lo e ouvi-lo. Tínhamos perante nós uma ‘voz’ electrizante em música portuguesa, auxiliada por um extraordinário virtuosismo – e todos sentíamos que tal ‘voz’ tinha de ser conhecida em Portugal e além fronteiras. [...]
Nenhum outro guitarrista é capaz de tocar a música de Paredes como ele o faz – e isto nada tem de surpreendente pois em Paredes não se pode separar o músico do guitarrista. Na sua música, porém, a técnica, sempre brilhante, esconde-se para dar lugar à precisão e clareza da melodia – os temas melódicos, plenos de sensibilidade e força de "Fantasia", "Porto Santo", "Verdes Anos".
Com este primeiro LP, possa a "voz" de Carlos Paredes ir longe, bem longe, pois ele canta Portugal com sinceridade absoluta, sem peias, com amor e compreensão que dele fazem um grande e raro artista onde a mediocridade não encontra abrigo».
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